Justiça

PEC da Blindagem chega ao Senado sob clima de rejeição e silêncio calculado de Alcolumbre

Enquanto a CCJ prepara parecer contrário, a estratégia do presidente da Casa é não se expor

PEC da Blindagem chega ao Senado sob clima de rejeição e silêncio calculado de Alcolumbre
PEC da Blindagem chega ao Senado sob clima de rejeição e silêncio calculado de Alcolumbre
O presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (União-AP). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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O Senado se prepara para tentar enterrar definitivamente a PEC da Blindagem, aprovada na última semana pela Câmara dos Deputados e alvo de críticas intensas nas ruas e nas redes sociais. A proposta, que busca ampliar a proteção parlamentar diante de investigações criminais, será analisada na quarta-feira 24 pela Comissão de Constituição e Justiça com parecer contrário do relator, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

Embora tenha se comprometido em conversas reservadas com o presidente Lula (PT) a bloquear o avanço da medida, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tem evitado protagonizar a rejeição publicamente. A estratégia é deixar a cargo da CCJ as manifestações contra o texto, deixando o próprio Senado dar o tom da resposta institucional. O cálculo de Alcolumbre, em suma, visa preservar seu capital político diante de um tema altamente impopular.

Nos bastidores, a postura de Alcolumbre tem sido vista como decisiva. Interlocutores do senador negam qualquer acerto prévio com a Câmara, enquanto aliados do presidente da Casa Baixa, Hugo Motta (Republicanos-PB), dizem que os senadores apenas recuaram diante da pressão popular – após os atos no domingo 21 que reuniram dezenas de milhares de manifestantes em diversas capitais.

A movimentação no Senado contrasta com a estratégia da Câmara, acusada até por congressistas do Centrão de ter se exposto “sozinha e à toa” ao aprovar o texto sem um alinhamento com a outra Casa. Agora, senadores avaliam que rejeitar de forma explícita a PEC, em vez de simplesmente engavetá-la, é uma forma de responder à sociedade e marcar distância de iniciativas vistas como corporativistas.

O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), já antecipou que a comissão pretende “sepultar” a proposta, impedindo que chegue ao plenário. Caso isso se confirme, será uma derrota simbólica para o bolsonarismo no Congresso e uma vitória para a estratégia de Alcolumbre: controlar a pauta sem se expor diretamente, deixando que o desgaste recaia quase exclusivamente sobre os deputados.

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