PDT do Paraná defende frente ampla para evitar que bolsonarista ocupe a ‘vaga’ de Moro

A CartaCapital, o deputado estadual Goura Nataraj, que comanda a sigla no estado, defende a união como saída para melhorar a representação política paranaense no Senado

O deputado estadual Goura Nataraj, presidente do PDT do Paraná. Foto: Orlando Kissner/Divulgação/Alep

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O PDT é um dos muitos partidos paranaenses que acompanha com lupa o andamento do processo que pode culminar na cassação do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) no Senado Federal. A sigla está de olho na eleição suplementar que pode ser convocada em caso de derrota judicial do senador, porém, sem ainda apresentar um candidato próprio.

Goura Nataraj, deputado estadual do Paraná e presidente do partido no estado, defende um ‘caminho alternativo’ com um objetivo claro: evitar que um bolsonarista seja levado ao posto em caso de novas eleições.

A saída proposta pela sigla, conta o político a CartaCapital, é relativamente simples: frente ampla. Ao levantar a possibilidade, ele não descarta que, quando se confirmar a disputa, um candidato do PDT possa surgir e ser indicado, mas explica que, como a sigla passa por uma reestruturação com foco em aumentar a participação nos municípios, a indicação de um nome próprio não tem sido discutida de forma oficial.

“Então, eu acho que é muito importante que a gente tenha um senador ou uma senadora que consiga representar os anseios democráticos e que possa servir de apoio ao presidente Lula. O cenário do Paraná nesses últimos tempos, infelizmente, não tem sido um fator de orgulho pro estado, né?”, avalia.

“Existe, então, esse diálogo com partidos para que a gente não perca essa oportunidade de ter um senador ou uma senadora que que represente o nosso campo político”, completa.

A frente ampla defendida por Goura incluiria, além do PDT, a federação PT, PV e PCdoB e partidos aliados de Lula, como PSB, PSOL e Rede. No Paraná, diz, até algumas lideranças do PSDB já se mostraram abertas a participar do grupo para evitar nova vitória do bolsonarismo no estado. Neste desenho, reforça, o candidato não necessariamente precisaria ser um pedetista.


Requião no PDT?

Para formar a frente ampla defendida pelo parlamentar, alguns partidos ainda precisam tomar definições importantes. A mais quente disputa está no PT, onde a antecipação da eleição gerou um racha. Os deputados Gleisi Hoffmann e Zeca Dirceu são apontados como possíveis candidatos e não escondem a vontade de representar o partido. Roberto Requião, o recém-chegado, também queria a indicação. Com menos chances, o ex-governador já afirmou que, possivelmente, vai deixar a sigla de Lula.

Questionado sobre a possibilidade do ex-governador se juntar ao PDT (ou até ser o candidato da legenda na disputa), Goura diz não ter nenhuma conversa em andamento. Ainda que ele seja um aliado de Requião, de quem já recebeu muitos conselhos políticos, o pedetista e o ex-emedebista não conversaram sobre o atual impasse no PT. Tampouco houve convite ou sinalização. As portas do PDT, garante, estão abertas, mas sem promessas:

“Na política às vezes você antecipa um movimento e acaba queimando pontes. E no PDT a gente está trabalhando seriamente”, destaca. “A gente faz parte do bloco com o PT [na assembleia no Paraná e no Congresso Nacional] e eu tenho um ótimo diálogo com todos os setores do partido, inclusive com o ex-governador. Ele me manifestando um desejo de vir para o PDT a gente vai abrir esse diálogo, mas até o momento não houve”.

Recuperar terreno

Para além das especulações sobre a disputa pela vaga de Moro, Goura explica que sua posição sobre criar uma frente ampla no estado também é uma saída para que o campo progressista recupere terreno perdido para a direita bolsonarista em eleições já confirmadas. É o caso da disputa pelo governo do estado, ocupado atualmente por Ratinho Junior (PSD), e da prefeitura da capital, gerida por Rafael Greca (PSD). Os dois terão que, nas próximas eleições, indicar sucessores, algo que Goura vê como oportunidade de virada.

“Em 2026, Ratinho não vai estar no páreo e vai ter uma disputa para esse eleitorado dele, que possivelmente vai ser dividido entre alguns nomes. Acho, então, que o nosso campo tem que se organizar [com o enfraquecimento do mandato atual]”, reforça o deputado.

“Na Prefeitura de Curitiba é a mesma coisa: não existe uma transmissão de carisma ou de votos automática por parte do prefeito Greca [ao vice Eduardo Pimentel]. Há possibilidade real de fragmentação de um campo mais à direita, com candidatos do PL e do partido Novo. Se a gente tiver a inteligência política, articulação e sensibilidade de unir um campo democrático, progressista, a gente tem chances reais de avançar”, reforça.

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