Política

Pazuello entra com habeas corpus no STF por direito de ficar em silêncio na CPI da Covid

‘O objeto principal do writ é evitar o constrangimento ilegal do paciente ou até mesmo a sua prisão’, escreve a defesa

Pazuello entra com habeas corpus no STF por direito de ficar em silêncio na CPI da Covid
Pazuello entra com habeas corpus no STF por direito de ficar em silêncio na CPI da Covid
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Foto: Tony Winston/MS
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O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um pedido de habeas corpus relacionado à Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal que apura a conduta do governo federal da pandemia do novo coronavírus. O general solicita direito ao silêncio.

 

O pedido foi protocolado nesta quinta-feira 13 pelo advogado Rafael Mendes de Castro Alves. Ele não tem ligação com a Advocacia-Geral da União, que fez outro pedido para proteger o militar.

O STF designou ao ministro Ricardo Lewandowski a relatoria para analisar a solicitação.

O depoimento de Pazuello na CPI estava marcado para 5 de maio, mas foi remarcado para o dia 19, a pedido do próprio general. Ele alegou ter contato com dois servidores que testaram positivo para o coronavírus.

General reclama de ‘constragimento’ e ‘covardia’

No pedido de habeas corpus preventivo com pedido de liminar, a defesa de Pazuello reivindica o “direito constitucional de permanecer calado, para que, como cidadão, juridicamente, lhe seja franqueada a garantia constitucional de limitação do poder estatal frente à aparente atuação ardil e constrangedora que os parlamentares membros da CPI tem se dirigido aos inquiridos na condição de testemunhas”.

A defesa pede que Pazuello tenha direito a assistência de advogado durante a sessão de 19 de maio e que possa se retirar do recinto caso seja ofendido por algum membro da CPI. O general também poderia não prestar o compromisso de dizer a verdade, por estar na condição de testemunha, além de não sofrer constrangimento ilegal e não ser conduzido à prisão por interpretação de qualquer dos investigadores da Comissão.

O advogado de Pazuello cita como exemplo de constrangimento a sessão da quarta-feira 12, com Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo, em que o relator Renan Calheiros (MDB-AL) representou pela sua prisão em flagrante sob a alegação de mentira na CPI.

“O objeto principal do writ é evitar o constrangimento ilegal do paciente ou até mesmo a sua prisão, já que os parlamentares tem agido na condução dos trabalhos da CPI ao arrepio do que preconiza a nossa Constituição Federal”, escreve a defesa.

O advogado reclama ainda de que a CPI, desde sua formação, “desenha-se, aparentemente, de forma quase exclusiva e direcionada em desfavor do ora paciente, verdadeira ‘covardia jurídica’ para tentar atribuir a um único cidadão brasileiro a responsabilidade pela morte de mais de 400 mil brasileiros, vítimas do coronavírus”.

“A tentativa de imputar exclusivamente a um único brasileiro a morte de mais de 400 mil pessoas é uma das maiores covardias que se pode presenciar na história deste país.”

A defesa afirma que a função da investigação é da Procuradoria-Geral da República, e que a CPI deveria se ocupar de investigar e verificar desvios de dinheiro nos estados de municípios, “ao invés de agir, deliberadamente, com nítido intuito de constranger politicamente um cidadão brasileiro que ocupou, ainda que transitoriamente, o cargo público de Ministro de Estado da Saúde, no período de maior tragédia sanitária da história do planeta Terra”.

Em reação, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) escreveu que espera que o STF “deixe que a CPI continue seus trabalhos e cumpra a sua função”.

“Até agora, não há prejulgamento de ninguém”, disse o parlamentar. “Todos os depoentes estão sendo chamados como testemunhas. Até agora, repito, ninguém é investigado.”

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