Justiça
Paulinho da Força se diz arrependido de ter assumido a relatoria de anistia aos golpistas
Deputado, em entrevista ao ‘UOL’, afirma que não aceitaria novamente a função e admite frustração com impasse em torno do projeto


O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) admitiu ter se arrependido de assumir a relatoria do projeto de anistia aos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. O congressista declarou que a tarefa se mostrou mais desgastante do que imaginava e revelou ter ficado no meio do fogo cruzado entre lideranças políticas e o Judiciário.
“Hoje, eu não aceitaria”, afirmou Paulinho em entrevista ao site UOL. O deputado relatou que, apesar de ter o texto “todo pronto na cabeça” e de considerar a redação “não difícil”, não conseguiu apresentar o relatório por causa da falta de consenso entre as forças políticas.
Paulinho foi escolhido relator em 18 de setembro, com a expectativa de destravar o debate sobre a punição dos envolvidos na tentativa de golpe e dar novo fôlego aos trabalhos do Congresso. No entanto, a disputa entre grupos da extrema-direita e da esquerda travou o avanço da proposta.
Para tentar contornar as resistências, o deputado chegou a mudar o nome do projeto para “PL da dosimetria”, defendendo uma revisão das penas, mas sem perdão integral. A estratégia não impediu as críticas de bolsonaristas, que o acusam de atuar em alinhamento com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O desgaste político, segundo aliados, foi grande. O prestígio que Paulinho esperava conquistar acabou dando lugar à exaustão e à frustração. “Ouço críticas de todos os lados e não consigo avançar”, lamentou o deputado.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Gonet se antecipa e diz ao STF que anistia a golpistas é inconstitucional
Por CartaCapital
Prefeitura de SC pagou R$ 450 mil por show em que Zezé Di Camargo pediu anistia a golpistas
Por Vinícius Nunes
Reprovação à anistia aos golpistas cresce e atinge 47% dos brasileiros, indica pesquisa
Por CartaCapital
Dosimetria empaca e bolsonaristas temem ter que votar contra o texto
Por Vinícius Nunes