Política
Partidos iniciam disputa para indicar o novo ministro do Turismo
Celso Sabino seguirá por mais alguns dias no cargo, mas já comunicou a Lula que deve deixar o comando da pasta após o União Brasil decidir desembarcar do governo


Celso Sabino (União-PA) sequer deixou oficialmente o comando do Ministério do Turismo, mas integrantes do governo já discutem quem o substituirá. O atual chefe da pasta reuniu-se com Lula (PT) nesta sexta-feira 19 e informou que colocará o cargo à disposição, motivado pela decisão do seu partido que antecipou o desembarque da gestão petista.
Na reunião, de acordo com relatos à reportagem, o deputado federal licenciado indicou ao presidente sua sugestão para sucedê-lo: Ana Carla Lopes, advogada e atual secretária-executiva do Turismo. O argumento de Sabino é que a auxiliar é do Pará e está a par das ações do ministério a respeito da COP30, a ser realizada neste ano, na capital do estado.
Mas existem outras pessoas de olho na vaga que será aberta. O governador paraense, Helder Barbalho (MDB), é um deles. Ele recorre ao mesmo argumento para defender que o espaço fique com alguém do estado. Nas poucas conversas que teve com auxiliares de Lula, o emedebista não citou um nome da sua preferência para o Turismo.
Do lado petista, a defesa é pela ascensão de Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur. Ministros do partido relembram do papel dele nas eleições de 2022, quando lançou-se na disputa pelo Palácio da Guanabara, ainda no PSB, com o objetivo de reforçar o palanque de Lula no estado.
No PDT também há interesse no Turismo, já que a cúpula do partido ainda não superou a demissão de Carlos Lupi, em maio, e considera que o atual chefe da Previdência, Wolney Queiroz, é um nome da cota pessoal do presidente.
A definição, contudo, deve ficar para a próxima semana. No encontro desta sexta, Celso Sabino informou a Lula que entregará a carta de demissão somente no retorno do petista de uma viagem ao exterior. O mandatário embarca neste final de semana rumo a Nova York, onde participará da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O desembarque do União Brasil era há muito esperado pelo Planalto. Nesta quinta-feira 18, porém, o partido antecipou a saída e publicou uma resolução que fixava prazo de 24 horas para que seus filiados entregassem os cargos na administração federal, sob pena de expulsão. A cúpula da sigla tomou a decisão após o vazamento de um depoimento à Polícia Federal que cita Antonio de Rueda, atual presidente da agremiação, e uma suposta relação com nomes do PCC.
Não houve surpresa no entorno de Lula, de acordo com relatos à reportagem. A sigla, apesar de controlar três pastas na Esplanada e uma centena de cargos no segundo e terceiro escalões, não raro imprimia suas digitais em derrotas do governo no Congresso Nacional. Um ministro do PT, ouvido sob reserva, avalia que a saída ocorre à luz do desgaste sofrido pela legenda, cuja bancada na Câmara votou em peso pela aprovação da PEC da Blindagem e a favor da urgência da anistia a golpistas.
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