Política

Partidos desistem de realizar ato contra Bolsonaro em 15 de novembro

20 de novembro será a principal data de mobilização contra o ex-capitão neste mês, com protagonismo de organizações antirracistas

Protestos pelo impeachment foram massivos em 2021. Foto: Reprodução/CartaCapital
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Foram cancelados os planos de realização de um ato contra o presidente Jair Bolsonaro em 15 de novembro. Como mostrou CartaCapital, alguns partidos queriam promover uma manifestação na data da Proclamação da República, com o objetivo de seguir na construção de uma frente ampla contra o governo, mas importantes organizações de oposição não aderiram à iniciativa.

Os atos de 15 de novembro seriam liderados por partidos em torno do movimento Direitos Já! – Fórum pela Democracia, que organizou a presença de figuras de fora do campo da esquerda em 2 de outubro. Boa parcela das personalidades prometidas não compareceu, mas houve acenos de apoio por parte de políticos relevantes, como a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o vice-presidente do PSL, Júnior Bozzella.

A ideia era que legendas como PDT, Cidadania e Rede Sustentabilidade fizessem um protesto na Praça da República, na capital paulista. Havia a possibilidade de uma construção conjunta com a Campanha Fora Bolsonaro, bloco de movimentos sociais que coordenou os principais protestos desde 29 de maio, mas a parceria não se concretizou.

Ainda que a oportunidade de uma ação conjunta estivesse em aberto, a reportagem apurou que não houve reunião formal entre esses dirigentes partidários e a Campanha Fora Bolsonaro para deliberar sobre a realização dos atos de 15 de novembro.

A CartaCapital, o sociólogo Fernando Guimarães, líder do movimento Direitos Já, disse que os partidos cancelaram a mobilização porque decidiram se esforçar por um ato em formato de festival, com apresentações culturais, no início do ano que vem. Ainda não há data e local definidos. Uma reunião deve ser realizada em até duas semanas para a oficialização do calendário, que depende das agendas de artistas. A expectativa é de que haja redução nos riscos da pandemia, o que viabilizaria o evento.

“O 15 de novembro foi uma ideia proposta pelos partidos, e a gente entendeu que deveria abraçar. Mas depois a gente percebeu que, para esse formato diferente, é importante esperar um tempo mais apropriado”, declarou.

Guimarães minimizou a influência de episódios como a baixa adesão da centro-direita e as vaias ao presidenciável do PDT, Ciro Gomes, fatores que chamaram a atenção em 2 de outubro.

Para Guimarães, havia pouco tempo para a mobilização de alas externas à esquerda para aquela data, e mesmo assim ocorreram manifestações de apoio por nomes importantes.

Sobre as vaias a Ciro Gomes, o sociólogo avalia que as forças que criticaram o pré-candidato à Presidência foram minoritárias, ainda que tenham sido desrespeitosas. Ao mesmo tempo, ele destaca a necessidade de que os acordos das mobilizações pelo impeachment sejam cumpridos.

“É preciso ter uma régua, que é: convidar todos aqueles que se comprometem com a frente ampla, e não convidar aqueles que não aceitam a frente ampla”, disse Guimarães.

Campanha Fora Bolsonaro já convoca para 20 de novembro

As organizações que preparam os atos do Dia da Consciência Negra já estão convocando os manifestantes com as palavras de ordem “Fora Bolsonaro racista”. A articulação tem o protagonismo das entidades Coalizão Negra por Direitos e Convergência Negra, em parceria com organizações das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

No canal do Telegram “Fora Bolsonaro Nacional”, os movimentos sociais divulgaram notas que apontam a população negra e pobre como a principal prejudicada pelo desemprego e pela fome.

“A compreensão é de que a luta contra o racismo passa pela derrota do fascismo representado pelo governo Bolsonaro”, escreveram as organizações.

Ainda não há contagem de quantas cidades têm atos confirmados. A tendência é de que seja a última manifestação pelo impeachment de Bolsonaro em 2021.

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