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Paralisação de servidores pode semear uma greve geral, diz presidente da CUT

Segundo o líder sindical, há dificuldades para mobilizar trabalhadores a cruzar os braços, mas a pauta está presente em debates internos

Paralisação de servidores pode semear uma greve geral, diz presidente da CUT
Paralisação de servidores pode semear uma greve geral, diz presidente da CUT
Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores. Foto: CUT
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A paralisação de servidores públicos marcada para o dia 18 de agosto pode semear uma greve geral, afirmou Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores, em entrevista ao canal de CartaCapital no YouTube, nesta segunda-feira 2. Segundo o líder da maior organização sindical brasileira, há dificuldades relevantes para convencer trabalhadores a cruzar os braços, mas a pauta está presente em discussões internas das centrais sindicais.

A declaração ocorre após servidores públicos das esferas municipal, estadual e federal prometerem uma paralisação da categoria neste mês contra a reforma administrativa que tramita por meio da Proposta de Emenda à Constituição 32. Conforme mostrou CartaCapital, a iniciativa motivou os organizadores dos recentes protestos contra o presidente Jair Bolsonaro a priorizar essa data no calendário de agosto.

“Se a paralisação for bem-sucedida, uma nova data vai ser marcada, e nós vamos no crescente até chegar a uma grande greve nacional, porque os motivos existem”, declarou. “Nós apostamos muito nisso. A greve geral é uma construção, as categorias vão tomando consciência. Embora o momento que a gente vive seja muito grave, se a gente não lutar, a gente não vence.”

Para Nobre, não há uma divisão no campo progressista entre quem prioriza o impeachment de Bolsonaro e quem dedica esforços para as eleições de 2022. Há unanimidade, diz ele, sobre a necessidade de que o presidente da República seja derrubado imediatamente. Ao mesmo tempo, problemas como os atrasos na vacinação, a alta nas demissões e a suspensão do trabalho presencial levaram as centrais sindicais a aderir gradualmente à convocação das últimas manifestações. Esses fatores também representam dificuldades para mobilizar uma greve hoje, afirma.

O sindicalista também expôs preocupação com as ameaças de golpe proferidas pelo governo, sobretudo por militares. Nobre examina que é concreta a possibilidade de uma investida da cúpula fardada contra as instituições democráticas. Além disso, é evidente que essa ala do governo não está disposta a entregar os mais de seis mil cargos estatais em caso de uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

Caso o petista vença a corrida presidencial, Nobre diz esperar que ele revogue as reformas aprovadas no Congresso nos últimos anos, como a trabalhista, a previdenciária e a que impôs o teto de gastos. No caso da reforma administrativa, o sindicalista afirma que é mentirosa a alegação de que o estado é inchado e de que os servidores públicos são privilegiados com salários altos e falta de fiscalização.

“Há determinadas carreiras pequenas, como no Ministério Público e no Supremo Tribunal Federal, em que os salários são gigantescos. Mas não é a maioria do povo”, afirma. “O que querem, na verdade, é acabar com o concurso público, para que depois das eleições os partidos coloquem seus padrinhos e cabos eleitorais na máquina pública.”

‘O serviço público é vital, especialmente para a população mais pobre’, diz Sérgio Nobre

Confira a entrevista na íntegra:

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