Justiça

Para ir à posse de Trump, Bolsonaro deve pedir ao STF, pela quarta vez, a liberação de seu passaporte

Ex-presidente confirmou que deve solicitar a Moraes, nos próximos dias, permissão para comparecer ao evento nos EUA em janeiro; ex-capitão já teve três solicitações do tipo negadas

Para ir à posse de Trump, Bolsonaro deve pedir ao STF, pela quarta vez, a liberação de seu passaporte
Para ir à posse de Trump, Bolsonaro deve pedir ao STF, pela quarta vez, a liberação de seu passaporte
Donald Trump e Jair Bolsonaro: uma ligação umbilical. Ou não (Foto: Alan Santos/PR) Donald Trump e Jair Bolsonaro: uma ligação umbilical. Ou não (Foto: Alan Santos/PR)
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou seu desejo de comparecer à posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, prevista para o dia 20 de janeiro de 2025. Para isso, ele planeja solicitar ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a liberação de seu passaporte para a viagem.

Bolsonaro está com o documento retido desde fevereiro deste ano por determinação de Moraes, no contexto da investigação da Polícia Federal sobre suposta tentativa de golpe de Estado.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-capitão relembrou que já teve três pedidos de viagem negados por Moraes, sendo o último deles para visitar a casa de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, para acompanhar a apuração das eleições. Dessa vez, porém, o ex-capitão acredita que terá uma resposta diferente vinda do ministro:

“Se o Trump me convidar, eu vou peticionar ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], ao STF . Agora, com todo o respeito, o homem mais forte do mundo… você acha que ele vai convidar o Lula? Talvez protocolarmente”, disse Bolsonaro. “Quem vai convidar do Brasil? Talvez só eu. Ele [Moraes] vai falar não para o cara mais poderoso do mundo? Eu sou ex. O cara vai arranjar uma encrenca por causa do ex?”, avaliou o ex-capitão. 

As negativas anteriores

O ministro Moraes, ao justificar as recusas anteriores, apontou o risco de fuga de Bolsonaro em função das investigações sobre os eventos de 8 de Janeiro de 2023. O ministro sugeriu, nas decisões, que Bolsonaro poderia usar as viagens ao exterior para tentar evitar as consequências das investigações. As apurações, segundo o chefe da Polícia Federal, devem avançar até o final de novembro. A sinalização é de que Bolsonaro deve ser indiciado.

“O desenrolar dos fatos já demonstrou a possibilidade de tentativa de evasão dos investigados, intento que pode ser reforçado a partir da ciência do aprofundamento das investigações que vêm sendo realizadas”, afirmou o ministro em uma decisão proferida há apenas duas semanas. 

Não se sabe, no entanto, se a decisão sobre o passaporte do ex-presidente mudará até a posse de Donald Trump, uma vez que, como dito, as investigações tendem a ser finalizadas ainda neste mês. 

Uma reportagem recente do jornal O Globo revelou que Bolsonaro já acionou o ex-presidente Michel Temer (MDB), responsável pela indicação de Moraes ao Supremo, para tentar articular um acordo no caso. A ideia é que emedebista convença o ministro a liberar o passaporte do ex-capitão. 

Outros aliados de Bolsonaro também estariam na articulação. A tese principal levada ao ministro é a de que uma nova negativa fortaleceria a imagem de Bolsonaro como um “perseguido político” no Brasil. O apelo internacional do evento entra nessa conta: “poderia gerar pressão internacional contra o tribunal brasileiro”, argumentam esses aliados do ex-presidente.

Apesar do apelo, Moraes, segundo fontes próximas consultadas pela publicação, estaria inclinado a manter a decisão. Ele já teria deixado claro que a vitória de Trump nos EUA não altera o andamento dos inquéritos em curso no STF.

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