Política
Pará anuncia acordo de R$ 1 bilhão com iniciativa internacional por créditos de carbono
A chamada Coalizão Leaf reúne empresas e governos da Noruega, Reino Unido, Estados Unidos e Coreia do Sul


O estado do Pará assinou um acordo de quase 1 bilhão de reais com a Coalizão Leaf (entidade que reúne governos e representantes de empresas da Noruega, Estados Unidos, Reino Unido e Coreia do Sul) em créditos de carbono por conta da redução do desmatamento amazônico no estado.
O acordo prevê a compra de 12 milhões de crédito de carbono florestal de alta integridade, gerados por conta da queda no deflorestamento entre 2023 e 2026. Cada crédito representa uma tonelada de redução, e renderá 15 dólares ao estado. No total, serão 180 milhões de dólares, ou 985 milhões de reais na cotação atual.
O Pará é o primeiro estado brasileiro a assinar acordo com a Emergent, organização que coordena a coalizão. Entre as empresas que fazem parte do grupo estão Amazon, Bayer, BCG, Capgemini, H&M Group e Fundação Walmart, que se comprometeram a financiar 5 milhões de créditos vendidos pelos paraenses. Outros 7 milhões ainda não têm destino definido, mas há garantia de compra por parte dos governos da Noruega, Reino Unido e Estados Unidos.
“Nosso trabalho para combater o desmatamento já nos ajuda a construir uma economia próspera, sustentável e inclusiva para todos. Esperamos que o Pará, junto com Gana e Costa Rica, que também assinaram acordos com a Leaf, possa ser um exemplo para outros governos”, celebrou o governador paraense Helder Barbalho (MDB).
Iniciativa público-privada internacional, a Coalizão Leaf reúne governos e grandes empresas para apoiar governos em esforços para redução do desmatamento.
Em 2021, em artigo publicado em CartaCapital, o então governador do Maranhão e hoje ministro da Justiça, Flávio Dino, destacava que os estados da Amazônia Legal buscavam apoio e financiamento da aliança para proteção do bioma.
“Trata-se de um mecanismo nascido na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima para recompensar os resultados de redução de emissões de gases de efeito estufa derivados do desmatamento e da degradação florestal. Esses pagamentos por resultados […] são decisivos para o futuro da Amazônia e para a segurança climática do planeta”, escreveu.
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