Justiça

Pagar imóveis com dinheiro vivo é hábito na família Bolsonaro, mostra levantamento

Jornal teve acesso a registros feitos em dois cartórios do Rio de Janeiro que mostram prática da família do presidente

O clã Bolsonaro. Foto: Divulgação Foto: Divulgação
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Um levantamento de informações registradas em dois cartórios do Rio de Janeiro mostra que filhos do presidente Jair Bolsonaro compraram imóveis e efetuaram o pagamento em dinheiro vivo.

 

Os documentos, obtidos pelo jornal O Globo, mostram que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pagou durante a aquisição de dois apartamentos comprados na Zona Sul do Rio de Janeiro, entre 2011 e 2016, um total de  150 mil  reais em espécie que, corrigido com a inflação equivale, chega a 196,5 mil.

No documento, ficou registrado que ele já tinha dado um sinal de 81 mil pelo imóvel e que estava pagando “100 mil em moeda corrente do país, contada e achada certa”.

Na escritura há o registro de que ele iria pagar outros 18,9 mil seis dias depois. A maior parte, 800 mil, foi quitada com financiamento junto à Caixa Econômica Federal.

A expressão “moeda corrente” é usada em escrituras para se referir a pagamento em espécie.

Fazer uma compra e pagar em dinheiro vivo não é considerado crime, mas costuma ser apontada como indício de suposta lavagem de recursos, já que não deixa rastro no sistema financeiro se não passar por um banco.

Apartamento em Copacabana 

Além disso, três anos antes de ser eleito deputado, Eduardo Bolsonaro comprou um outro apartamento em Copacabana em 3 de fevereiro de 2011.

O apartamento foi vendido por 160 mil reais e na escritura ficou anotado que o pagamento ocorreu por meio de um cheque administrativo de 110 mil. O valor restante foi descrito pelo escrivão como: “50 mil através de moeda corrente do país, tudo conferido, contado e achado certo, perante mim do que dou fé”.

Prática da família 

Carlos e Flávio Bolsonaro, irmãos mais velhos de Eduardo, são investigados pelo Ministério Público do Rio pela prática de “rachadinha” e pela nomeação do que seriam “funcionários fantasmas”. Eduardo não é investigado nestes casos.

Segundo divulgou nesta quinta-feira 25 o jornal Estado de S. Paulo, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) realizou a compra de um imóvel em 2003 e pagou o valor de 150 mil reais em dinheiro vivo. À época, com 20 anos, o filho do presidente já ocupava uma cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

A mãe de Eduardo, a pré-candidata à vereadora pelo Republicanos Rogéria Bolsonaro, também comprou um apartamento em Vila Isabel em 1995 por 95 mil em espécie.

Dinheiro vivo sustentou campanhas da família Bolsonaro

Outra prática investigada pela Justiça é a autodoação em dinheiro vivo feita pela família Bolsonaro para sustentar  campanhas.

No total, foram injetados 100 mil reais em espécie nas campanhas eleitorais da família de 2008 a 2014 —corrigidos pela inflação, os valores chegam a 163 mil.

As transações foram descobertas pelo jornal Folha de S. Paulo nos processos físicos das prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral.

Reportagens e dados obtidos por órgãos de investigação mostraram que a família do presidente, especialmente na figura do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), já movimentou mais de 3 milhões em dinheiro vivo nos últimos 25 anos.

Entre as operações em espécie, segundo as apurações, estão a compra de imóveis, a quitação de boletos de planos de saúde e da escola das filhas de Flávio, o pagamento de dívidas com uma corretora e depósitos nas contas da loja da Kopenhagen da qual o senador é dono.

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