Política
Os tropeços da campanha de Haddad em São Paulo – e o que fazer para virar o jogo
O fogo amigo no PT aponta problemas na comunicação, a postura blasé do candidato e atritos com a coordenação da campanha lulista
Integrantes da alta cúpula do PT nacional avaliam que a campanha do ex-prefeito Fernando Haddad ao governo de São Paulo cometeu equívocos que podem lhe custar a eleição contra o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O petista teria errado ao lançar carga contra Rodrigo Garcia (PSDB) e poupar Tarcísio, sob a aposta de que ir ao segundo turno contra o candidato de Jair Bolsonaro (PL) facilitaria o caminho para a vitória, dada a rejeição do presidente.
Tarcísio, contudo, teve quase 10 milhões de votos, contra pouco menos que 8,5 milhões do candidato do PT – contrariando as principais pesquisas, que davam vantagem a Haddad.
Em linhas gerais, o fogo amigo no PT aponta problemas na comunicação, a postura blasé do candidato e atritos com a coordenação da campanha lulista e das campanhas estaduais.
O recado das urnas fez predominar a avaliação de que o desempenho do petista comprometeu a votação de Lula (PT) no estado. Entre os paulistas, o ex-presidente teve 10,4 milhões de votos, contra 12,2 milhões do ex-capitão.
“O Haddad é preguiçoso, não vai nas cidades, não faz caminhada. A comunicação é fraca”, diz um interlocutor ouvido por CartaCapital em condições de anonimato, citando como exemplo postagens recentes do perfil oficial do candidato nas redes sociais.
No dia 3 de outubro, um dia depois do resultado nas urnas, o perfil oficial de Haddad no Facebook destacou “13 curiosidades” sobre o candidato. O primeiro ataque direto a Tarcísio só veio dois dias depois, na última quarta-feira 5.
Virar o jogo em São Paulo, acredita-se, passa por associar sempre que possível o Tarcísio a Bolsonaro como foi feito nesta quinta-feira 6.
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