A eleição de outubro terá uma cena internacional. Nos próximos dias, Jair Bolsonaro chamará embaixadores estrangeiros que atuam em Brasília para conversar. Está uma fera com a ida ao Tribunal Superior Eleitoral, em 31 de maio, de 70 diplomatas. Estes assistiram a palestras sobre combate a mentiras e milícias digitais, testaram as urnas eletrônicas, ouviram o presidente, Edson Fachin, e o vice da corte, Alexandre de Moraes. Foi um esforço do TSE para mostrar que o sistema eleitoral é confiável. O capitão alardeia o oposto, a semear um golpe à la Donald Trump. Nossas urnas, declarou no Palácio do Planalto na segunda-feira 6, “não são adotadas em nenhum país do mundo, a não ser Bangladesh e Butão”.
Dois dias depois, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, seguia enfezado. “A política externa é minha e do ministro (Carlos) França, do Itamaraty. Ele (Fachin) convida em torno de 70 embaixadores, e eles vão lá para dentro do TSE, e ele, de forma indireta, ataca a Presidência”. O tribunal queria observadores europeus na eleição. Convidou-os em março. Desconvidou-os em maio. O motivo? Veto da cúpula do Itamaraty. Em 7 de abril, Carlos França e o secretário-geral da Casa, Fernando Simas Magalhães, receberam Fachin e Moraes. Foram duros: nada de observadores. Na semana seguinte, puseram a rigidez em papel timbrado. “O Ministério das Relações Exteriores recorda não ser da tradição do Brasil ser avaliado por organização internacional da qual não faz parte”, dizia a nota.
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