Política

Os novos indícios de que blitze da PRF interferiram no 2º turno das eleições

Relatório que aponta o atraso de eleitores foi produzido pela Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte

O ex-diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques (Foto: EBC)
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A Justiça Eleitoral apontou novos indícios de que as blitze da Polícia Rodoviária Federal interferiram no andamento natural da votação do 2º turno das eleições de 2022. O apontamento aparece um relatório produzido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte divulgado pelo site G1 e pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta-feira 6.

O principal apontamento do documento, segundo as publicações, é de que a ação dos policiais, comandados na ocasião pelo bolsonarista Silvinei Vasques, teria atrasado a chegada dos eleitores aos locais de votação. Essa é a primeira vez que a Justiça Eleitoral aponta de forma concreta que a PRF pode ter atrapalhado o andamento do pleito.

A amostra levada em consideração pelo TRE-RN para fazer o apontamento é de 5.830 eleitores de 23 seções localizadas no município de Campo Grande, a 272 km de Natal. Na cidade, Lula venceu Bolsonaro por larga vantagem – 72% a 28% dos votos.

Segundo o relatório, boa parte destes eleitores foram votar apenas no período da tarde, situação que contrasta significativamente com o registrado no primeiro turno, quando a maioria da população compareceu às urnas durante a manhã de votação.

“Ao indagar sobre o baixo fluxo de eleitoras e eleitores no período matutino — em frontal discrepância com o primeiro turno, onde foram verificadas filas nas seções de votação —, foi relatado, pelos mesários e mesárias, que o baixo comparecimento seria consequência da realização de operação (blitz) por agentes PRF no município”, diz um trecho do relatório exibido pelo G1 nesta quarta-feira.

Para sustentar que há indícios de que as blitze montadas por Silvinei Vasques interferiram no andamento das eleições, a juíza eleitoral Erika Corrêa, que assina o relatório, aponta o ineditismo da ação da PRF naquele 30 de outubro de 2022.

“A atuação da Polícia Rodoviária Federal no dia do segundo turno das eleições de 2022 no município de Campo Grande, em pontos estratégicos da cidade, pode ter causado impacto significativo no deslocamento de eleitores e eleitoras aos seus locais de votação […]. Frise-se que não há registro de operação semelhante — mesmo horário e local — durante a realização do primeiro turno das Eleições de 2022, muito menos nos dois turnos das Eleições de 2018”, diz o documento em outro trecho.

O documento está em posse da Polícia Federal e já chegou ao Tribunal Superior Eleitoral, onde foi adicionado pelo corregedor Benedito Gonçalves ao processo que tramita contra a campanha de Jair Bolsonaro.

Em declarações recentes, Vasques negou qualquer relação das blitze com a campanha do ex-capitão. Mapas elaborados no Ministério da Justiça e relatos reunidos até aqui pela CPI do 8 de Janeiro, no entanto, contrariam a versão do policial.

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