Política

Os ‘conselhos’ de Lula a Nísia Trindade em meio à pressão sobre o Ministério da Saúde

O apetite do Centrão pela chefia da pasta resiste, e o presidente deu nova demonstração de suporte à permanência da ministra

O presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O presidente Lula (PT) voltou a manifestar apoio à ministra da Saúde, Nísia Trindade, diante as novas pressões de representantes do Congresso Nacional para a substituição da chefia da pasta, por um nome mais alinhado ao ‘centrão’. 

Nesta segunda-feira 8, Lula participou de um evento que atende a um pedido seu por mais visibilidade nas ações da pasta. No discurso de abertura, o presidente ressaltou a importância do contato da ministra com a população, através dos canais de comunicação do governo. “Sempre que possível, a ministra da Saúde precisa se dirigir ao povo brasileiro porque muitas vezes precisa de orientação”.

A coletiva promoveu balanços de medidas sobre atenção primária no SUS, como o incremento de 12 mil novos médicos no programa Mais Médicos, e o anúncio de novos programas.

“Outro dia, numa reunião do Ministério, eu disse para a Nísia falar grosso na questão da Saúde. A Nísia respondeu o seguinte: ‘Presidente, eu não posso falar grosso porque eu sou mulher. Eu falo manso”, relembrou o presidente, ao lado da ministra.

Naquela ocasião, na reunião ministerial de 18 de março, o presidente reclamou sobre a demora do governo em reagir aos casos de dengue, da morte de yanomamis e da crise nos hospitais federais do Rio de Janeiro.

“Foi muito importante. Porque eu acho que, a Nísia, falando manso do jeito que ela falou… eu posso até achar que ali tem alguém que não gosta de você, mas eu duvido que alguém não acredite em cada palavra que você fala“, completou o presidente.

A bronca repercutiu como um possível sinal de desgaste na relação de Lula com Nísia, abrindo caminho para manobras políticas por parte dos parlamentares do Centrão, que desde o início do governo pressionam por nomeações políticas, especialmente no Ministério da Saúde, que detém o terceiro maior orçamento da União, cerca de 231 bilhões de reais.

Os rumores de tensão foram rapidamente debelados pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que confirmou a continuidade de Nísia à frente da pasta.

Em uma estratégia para fortalecer a imagem do ministério e do governo, Lula convidou a ministra para acompanhá-lo em viagens oficiais. Nísia esteve presente em agendas de destaque, como os que contaram com a presença do presidente francês Emmanuel Macron, além de acompanhar Lula em suas recentes visitas ao Nordeste.

Primeira mulher a chefiar o Ministério da Saúde, Nísia ficou na mira dos partidos não apenas pela cobiça desenfreada por ocupar cargos no alto escalão do ministério, mas também por ter implementado uma portaria que restringe a alocação de emendas parlamentares para programas de combate à dengue a um máximo de 800 mil reais.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chegou a enviar um ofício à ministra, cobrando esclarecimentos sobre a ação, que foi brevemente argumentado que o pagamento de emendas segue “critérios técnicos”.

Em outro questionamento sobre emendas, em junho do ano passado, ela ressaltou que: “As emendas deveriam ser para fazer investimentos, não para gastos de custeio. Hoje muitos municípios dependem das emendas para cobrir folha de pagamento. Estamos buscando corrigir essas distorções”.

Sem filiação partidária e com histórico técnico, os parlamentares ainda argumentam que falta de traquejo político da ministra. O presidente Lula, no entanto, segue resistindo às pressões pelo cargo de Nísia.

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