Política
Orlando Silva aciona o MP contra a prefeitura de Sorocaba por enganação sobre ‘tratamento precoce’
Segundo o deputado, a gestão comandada por Rodrigo Manga (Republicanos) ‘presta um enorme desserviço à sua população’
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) acionou o Ministério Público paulista contra a decisão da prefeitura de Sorocaba, no interior do estado, de publicar uma nota enganosa sobre o suposto ‘tratamento precoce’ contra a Covid-19, baseado em medicamentos sem qualquer eficácia comprovada no combate à doença.
Em comunicados oficiais, a prefeitura de Sorocaba declarou que um ‘estudo preliminar’, supostamente conduzido pela Secretaria Municipal de Saúde, apontou 99% de eficácia em formas precoces de tratamento de pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
Posteriormente, a gestão municipal, sob o comando de Rodrigo Manga (Republicanos), admitiu que os dados vieram de um ‘monitoramento telefônico’, não de um estudo. Também substituiu o termo ‘estudo’, em seu site oficial, por ‘levantamento’.
Para Orlando Silva, “a promoção institucional da prefeitura de Sorocaba induz a população à automedicação e, pior, a tratamento comprovadamente ineficaz e que leva a mortes, seja porque a Covid se instala definitivamente no organismo dos incautos, seja porque causa danos colaterais também fatais”.
Ao acionar o MP, o parlamentar argumenta que a prefeitura “presta um enorme desserviço à sua população, primeiro – e mais grave – porque promove a doença e não a saúde; e segundo, porque utiliza de recursos públicos para esta falsa campanha de saúde, que em última análise promove a doença e a morte e não o bem-estar e a vida de seus cidadãos”.
Orlando Silva reforça que a atitude de Rodrigo Manga pode caracterizar ato de improbidade administrativa. Além disso, cobra que o Ministério Público “apure e tome todas as providências cabíveis”.
Entre as explicações a serem fornecidas por Manga, diz Orlando, estão a apresentação dos supostos estudos e pesquisas epidemiológicas que apontariam a eficácia de um tratamento precoce; a suspensão imediata de toda e qualquer publicidade sobre o tema; e a divulgação dos recursos gastos na propaganda.
Em entrevista ao repórter de CartaCapital Alexandre Putti, a infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi afirmou que os resultados propagados por Sorocaba não significam nada e servem apenas como publicidade.
“Se tivessem tomado chá de hortelã, teriam a mesma evolução. Isso porque 85% dos casos de Covid têm esta evolução, sem agravamento”, explica a infectologista. Segundo ela, um estudo sério recolheria dados randomizados – ou seja, os pacientes utilizados em cada grupo do experimento seriam escolhidos de forma aleatória.
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