Mundo
ONU acusa Bolsonaro de violar tratado internacional sobre tortura
Trata-se da primeira constatação formal por parte da ONU da violação de tratados internacionais pelo Brasil
Os peritos do Subcomitê das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura emitiram, nesta segunda-feira 16, uma avaliação condenando a política do governo de Jair Bolsonaro no que se refere ao combate à tortura.
O que foi avaliado foi o decreto 9.831 de 10 de junho (decreto de Bolsonaro exonerando todos os 11 integrantes do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura). Ativistas e ONGs denunciaram a medida como o desmantelamento dos sistemas de controle de tortura e prevenção no Brasil.
Com sede em Genebra, na Suíça, o Comitê havia recebido a queixa em setembro e, depois de uma avaliação, chegaram à conclusão de que as regras precisam ser revistas.
“A adoção e entrada em vigor do Decreto Presidencial nº 9.831 enfraqueceu severamente a política de prevenção da tortura no Brasil”, disse o dossiê. Para a entidade, tal postura dificulta o cumprimento das regras estabelecidas pela entidade e é incompatível com os tratados.
Trata-se da primeira constatação formal por parte da ONU da violação de tratados internacionais pelo Brasil. A constatação do organismo da ONU não implica em sanções concretas, mas aprofunda a crise de credibilidade do país em termos de cumprimento de acordos internacionais, principalmente no setor de direitos humanos.
O Subcomitê de Prevenção da Tortura monitora a adesão dos Estados partes ao Protocolo Opcional à Convenção contra a Tortura , que até o momento foi ratificado por 90 países . O Subcomitê é composto por 25 membros , especialistas independentes em direitos humanos de todo o mundo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.