O tamanho do acervo pessoal acumulado por Bolsonaro em 4 anos de governo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acumulou, em 4 anos de mandato, mais de 19.470 itens listados como parte de seu acervo pessoal. Boa parte da coleção é formada por presentes entregues ao ex-capitão por empresas, apoiadores e autoridades nacionais ou internacionais. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira 10.

Como a lista montada pela Presidência para atender o pedido feito pela Lei de Acesso à Informação é superficial, não é possível saber o valor de cada componente do acervo de Bolsonaro. Há, porém, outros presentes do governo da Arábia Saudita que vão além das joias.

Segundo a publicação, Bolsonaro acumulou no seu governo uma vasta coleção de camisas de futebol – são 448, no total -, mais de 600 bonés e cerca de 245 máscaras de proteção facial, item que se negou a usar na maior parte dos eventos realizados durante a pandemia. Pouco mais de 100 gravatas, 79 camisas, 17 pares de sapato e 6 paletós fazem parte do acervo do ex-capitão. O ex-presidente também acumulou 242 camisas polo e mais de 1.400 camisetas.

Há ainda entre os itens listados como pessoais por Bolsonaro durante o seu governo 44 relógios. Não é possível, neste momento, saber a marca ou o modelo dos itens. O valor da coleção de relógios, portanto, não pode ser averiguado. O mesmo ocorre com os 54 colares listados como patrimônio pessoal do ex-capitão.

A lista entregue pela Presidência ao jornal inclui ainda itens curiosos, como 74 facas, munições de armas e coletes à prova de balas. Novamente, não é possível saber qual o valor de cada um dos itens acumulados. 372 canecas, 282 esculturas, 188 bandeiras, 168 chaveiros, 160 canetas, 89 placas e 86 moedas são alguns dos outros diversos presentes incorporados ao acervo de Bolsonaro.

Conforme citado, há outros presentes sauditas na listagem feita pela Presidência. Entre eles, um outro kit contendo um relógio, abotoaduras, um anel, uma caneta e um tipo de rosário foi dado a ele pelo governo da Arábia Saudita em 2019. Apesar da descrição praticamente idêntica, como não há detalhes de marca ou modelo, não é possível saber se o pacote é igual ao recebido por Bolsonaro em 2021, junto com as joias barradas pela Receita Federal.

O kit de 2021, que também está no acervo de Bolsonaro, é alvo de investigação. Segundo a Receita,“o fato pode configurar em tese violação da legislação aduaneira também pelo outro viajante, por falta de declaração e recolhimento dos tributos”. A suspeita é de que as joias barradas – avaliadas em 16,5 milhões de reais – também seriam integradas ao acervo pessoal.

Nesta quinta-feira 9, o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, determinou que o presidente Bolsonaro não use nem venda as joias que recebeu do governo da Arábia Saudita. Decidiu, porém, não confiscar os itens de luxo.

A maior parte dos mais de 19 mil itens acumulados por Bolsonaro, importante citar, já foi levada pelo ex-capitão em caminhões de mudança que estiveram no Palácio do Alvorada e no Planalto em dezembro do ano passado. Uma parte dos bens segue em um galpão da Presidência em Brasília.

Materiais textuais e audiovisuais, como fotos, cartas e desenhos, foram arquivados pelo Arquivo Nacional no Rio de Janeiro e ainda passarão por uma triagem que determinará o valor histórico. Os livros, revistas e periódicos foram doados para a Fundação da Biblioteca Nacional.