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O que está em jogo na visita de Lula ao Uruguai

O incômodo do Mercosul diante Tratado de Livre-Comércio entre Uruguai e China é o principal nó a ser desatado por Lula no encontro com Lacalle Pou

Foto: Luis ROBAYO/AFP
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O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, chega a Montevidéu nesta quarta-feira (25) para se encontrar com seu homólogo uruguaio de centro-direita, Luis Lacalle Pou, com a flexibilização do Mercosul sobre a mesa, mas também buscando dar apoio à esquerda local, ao se encontrar com seu amigo José Mujica.

O Mercosul vive uma profunda crise em meio à decisão do Uruguai de negociar um Tratado de Livre-Comércio (TLC) com a China e solicitar a entrada no Acordo Transpacífico sem o consentimento de seus parceiros Brasil, Argentina e Paraguai, que alertaram que o bloco pode rachar.

Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) se aproximou da postura uruguaia, que defende a abertura do bloco fundado em 1991 para explorar acordos comerciais bilaterais com países de fora da zona, Lula concorda com as fortes objeções de Buenos Aires e Assunção.

Os três países argumentam que o tratado fundador do bloco estabelece que qualquer TLC com nações fora do Mercosul requer a aprovação de todos os membros do grupo e que a violação dessa regra põe em risco o futuro do processo.

Na terça-feira (24), em Buenos Aires, no âmbito da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o Brasil expressou que considera que o Mercosul deve permanecer como está.

O Uruguai alega que Argentina e Brasil já adotaram medidas bilaterais dentro do bloco, como reduções na Tarifa Externa Comum (TEC), e sustenta que outras proposições fundadoras, como o estabelecimento de uma união aduaneira, ou de um mercado comum, não foram cumpridas.

Em entrevista coletiva em Buenos Aires, o presidente uruguaio, Lacalle Pou, lembrou  que “a definição” de abertura do comércio de seu país a terceiros foi adotada em seu país há vários governos.

Seu governo resolveu avançar em um TLC com a China, que manifestou interesse, publicamente, em negociar com o Uruguai. Os dois países avançam nas negociações, após a realização de um estudo de viabilidade. A situação é tensa para Argentina, Brasil e Paraguai, que chegaram a ameaçar Montevidéu com medidas legais e comerciais.

A tensão dentro do bloco é palpável. 

Na segunda-feira (23), o ministro argentino da Economia, Sergio Massa, juntamente com seu homólogo brasileiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “o Uruguai é um dos irmãos mais novos do Mercosul, e Brasil e Argentina têm a responsabilidade de cuidar dele como qualquer irmão mais novo”.

Questionado sobre essa afirmação, Lacalle Pou respondeu: “Parece a Disneylândia”.

(com informações da AFP)

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