O que Bolsonaro disse no depoimento à PF sobre o 8 de Janeiro

Ex-capitão, segundo seus advogados, respondeu apenas perguntas relacionadas ao vídeo em que divulgava mentiras sobre as eleições

Bolsonaro deixa a Polícia Federal após depoimento sobre o 8 de Janeiro. Foto: TON MOLINA / AFP

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou em depoimento à Polícia Federal sobre o 8 de Janeiro que fez a publicação de um vídeo contendo mentiras sobre o resultado das eleições logo após os atos de vandalismo em Brasília. Ele justificou, porém, ter se tratado de um erro.

A informação foi revelada pelos advogados que integram a equipe de defesa Bolsonaro e acompanharam o ex-capitão no depoimento na manhã desta quarta-feira 26. Um deles, Paulo Cunha Bueno, disse que Bolsonaro relatou aos policiais que tentava apenas salvar o vídeo para visualização posterior e acabou publicando ‘sem querer’ a gravação.

“Aquilo ali foi um equívoco na hora de salvar um arquivo para posteriormente poder visualizá-lo e assisti-lo integralmente”, disse o jurista na saída da sede da Polícia Federal.

“Tanto a postagem foi acidental que ele não fez nenhum comentário e apagou logo na sequência. Você não vai encontrar em momento algum uma postagem dele dizendo que a eleição foi fraudada”, insistiram então os outros membros da defesa.

Na conversa, os advogados apontaram a sugestão de que Bolsonaro estaria sob efeitos de medicamentos quando cometeu o alegado engano. Ele tratava, na ocasião, uma erisipela na perna.

Questionados se a publicação partiu mesmo de Bolsonaro e não foi feita por Carlos, filho que administrava os perfis do ex-capitão na época, os advogados foram enfáticos: ‘Não, foi Bolsonaro’.


“Não foi Carlos Bolsonaro que fez a postagem [foi Bolsonaro sem querer]. O metadado do Facebook pode indicar isso”, apontou a defesa do ex-capitão na entrevista com jornalistas.

De acordo com os advogados do ex-capitão, ele não pode ser classificado como um incentivador dos atos golpistas porque repudiou os ataques no dia 8 de Janeiro via redes sociais. “Ele repudiou os ataques. Postou no Twitter no dia 8 de Janeiro. Ratificou isso no depoimento de hoje”, disseram integrantes da equipe de Bolsonaro a jornalistas na saída da sede da PF.

O ex-capitão teria informado ao duas vezes aos policiais que as eleições eram ‘página virada’ desde a derrota para Lula (PT).

Era esperado, ainda, que Bolsonaro esclarecesse seu conhecimento sobre a minuta golpista encontrada na casa do seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Além disso, havia a expectativa de que Bolsonaro tratasse de sua estadia nos Estados Unidos, onde se encontrou com suspeitos de participarem da mentoria dos atos golpistas, e sobre a omissão diante dos acampamentos de terroristas em frente ao quartel do Exército. Nada disso, segundo a defesa do ex-capitão, foi tratado.

“Respondeu apenas perguntas formuladas referentes ao objeto do inquérito”, disse Cunha ao reiterar que apenas a publicação do vídeo foi objeto da oitiva. Ainda de acordo com os advogados, Bolsonaro teria se negado a responder sobre outros temas, mas se colocado disponível para retornar em outros depoimentos de apurações específicas.

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1 comentário

Norton Gomes de Almeida 27 de abril de 2023 11h55
Considerando que ele nunca se desculpou por esse crime, ainda deve estar sob efeito do remédio.

Um minuto, por favor…

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