Política

O que a campanha de Lula espera da militância nas redes sociais

Ao menos três ‘tarefas’ para os apoiadores foram repassadas por Lula e pela cúpula do partido durante uma reunião;

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Ricardo Stuckert
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A campanha de Lula (PT) elencou, nesta terça-feira 18, uma série de tarefas para a militância virtual do petista nesta reta final de segundo turno. A intenção, conforme destacado em um encontro do ex-presidente com comunicadores que o apoiam, é enfrentar Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, até então dominadas pela extrema-direita.

“Temos organização e capacidade de fazer movimentação nas redes, mas de forma orgânica, com a nossa militância”, destacou Edinho Silva, coordenador da campanha de Lula, na abertura. “Temos pessoas de carne e osso, não tem nenhum robô aqui.”

Para tratar do tema com apoiadores, Edinho escalou nomes como Guilherme Boulos (PSOL), Manuela D’Avila (PCdoB) e Randolfe Rodrigues (Rede), que já integravam a campanha petista desde o início. Novos aliados, como Simone Tebet (MDB) e Carlos Lupi (PDT) também foram escalados. Houve ainda no encontro intervenções de André Janones (Avante) e Gleisi Hoffmann (PT).

Os pedidos, ecoados por toda a cúpula, cada um à sua maneira, podem ser resumidos em três tarefas.

  • A primeira é rebater fake news e mentiras bolsonaristas de forma mais rápida.
  • A segunda é não reverberar conteúdos que possam provocar medo em potenciais eleitores e impedir que eles se manifestem publicamente.
  • Por fim, há uma preocupação em destacar propostas e feitos do governo petista.

Com isto, aposta a alta cúpula do PT, será possível não apenas manter os votos de Lula no primeiro turno, mas também ampliar a vantagem dele sobre Bolsonaro. A expectativa com as ações, diz Lupi, é ter cerca de 10 milhões de votos a mais do que o ex-capitão neste segundo turno.

“Temos que ter um foco que é a busca do voto das pessoas indecisas”, destacou Manuela D’Ávila. “É menos hora de lacrar e mais hora de conversar. O foco é esclarecer propostas”, resumiu.

Um dos pontos enfatizados é que, para estas três tarefas serem cumpridas, é preciso alguns ajustes no ritmo atual da comunicação. O primeiro deles é a centralização da pauta. O objetivo, destacou Janones, é falar sobre um único tema durante o dia para ampliar o engajamento em torno de um único assunto. A orientação, diz, será repassada nos grupos de WhatsApp da campanha diariamente pela manhã e deve ser reverberada durante todo o dia sem que ocorra uma divisão.

“Não pode um estar falando de Auxílio Brasil e outro de agronegócio. Um [falando] de Luz para Todos e outro do Minha Casa Minha Vida”, cobrou o deputado. “Vamos todos seguir uma única pauta. Mas temos também que estar preparados para mudanças repentinas, como foi com o ‘pintou o clima’, em que a pauta do dia era outra, mas mudamos rapidamente de forma efetiva”.

Janones também pediu que os militantes respeitem o público e o formato de cada uma das redes sociais. “Simone é a principal peça nesse segundo turno, que pode trazer quem está mais ao centro. Mas temos que fazer o uso da imagem dela no lugar correto”, destacou. “Não adianta ficar no Twitter falando de Auxílio Brasil, porque quem recebe está no Facebook. E não adianta falar de agro, com a imagem da Simone, no Facebook, porque esse público está em outro lugar.”

“O ‘pintou um clima’ não pode desaparecer das redes”

Ainda no encontro, a cúpula da campanha também destacou que espera que os militantes compartilhem conteúdos que possam impactar emocionalmente eleitores não alinhados a Lula. Neste caso, a orientação é mostrar ‘a desumanidade e a desonestidade’ do governo Bolsonaro. Isso, explicam, irá não apenas favorecer o voto feminino e cristão em Lula, mas também servir de antídoto contra o flerte bolsonarista sobre estes grupos.

“O ‘pintou um clima’ não pode desaparecer das redes. Temos que reiterar sempre. O tema tem que continuar repercutindo, porque foi identificado [por pesquisas internas] como o ponto fraco deles. A invasão de Aparecida é outro tema que tem que continuar sendo discutido nas redes pelo mesmo motivo”, explicou Randolfe.

“Precisamos gerar conteúdo que mostre o governo desumano e desonesto que é a gestão de Bolsonaro. Não é só em relação a Covid, precisamos explorar com os documentos que as consultorias do Senado e da Câmara têm e que mostram que o governo mandou apenas o suficiente para pagar 400 reais e não 600 reais, além de ter cortado em mais de 90% praticamente todos os programas sociais para pagar o orçamento secreto”, destacou Tebet.

Por fim, antes de fechar o encontro, Lula repetiu todas as mesmas tarefas, mas focou que espera que seus apoiadores não apenas sejam ‘escudos’ para combater fake news e sim se tornem canais de propostas para convencer indecisos.

“A gente não pode só ficar rebatendo as mentiras deles, precisamos também passar a mensagem do que já fizemos”, esclareceu Lula. “É preciso que a gente coloque em cada resposta a uma crítica uma proposta. Não podemos ficar só com um escudo rebatendo críticas, é pouco. Dizer o que vamos fazer é extremamente necessário. A pessoa tem que saber não apenas que é mentira que está sendo dita por Bolsonaro, mas também o que já fizemos e o que ainda vamos fazer”, pediu o ex-presidente.

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