Política
‘O PSDB virou um partido irrelevante’, diz Aloysio Nunes após resultado de 2024
A legenda sofreu uma queda brusca no número de prefeitos eleitos e não fez sequer um vereador em São Paulo


O ex-ministro Aloysio Nunes afirmou nesta segunda-feira 7 a CartaCapital que o PSDB se transformou em uma legenda irrelevante, após mais um resultado decepcionante nas disputas municipais. Os tucanos elegeram 269 prefeitos neste domingo 6, contra 520 em 2020.
Em São Paulo, o partido sumiu do mapa: deixou as urnas sem um vereador sequer e amargou um melancólico quinto lugar na corrida à prefeitura com José Luiz Datena e seu 1,84% de votos válidos. A título de curiosidade, o apresentador recebeu 112.344 votos, enquanto o vereador mais votado, Lucas Pavanato (PL), obteve 161.386.
Trata-se de mais um símbolo do processo de esfacelamento de uma sigla que até 2014 se acostumou a, no mínimo, disputar o segundo turno das eleições presidenciais.
“O PSDB virou um partido irrelevante”, resume Aloysio Nunes. “Não elegeu nenhum vereador em São Paulo. É um partido que está definhando.”
Crítico da candidatura de Datena, Nunes deixou o PSDB em junho, após mais de 25 anos. Ele foi vice-governador paulista, deputado, senador, ministro da Justiça e chanceler – atualmente, trabalha no escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a ApexBrasil, na Bélgica.
Inicialmente, Aloysio Nunes defendia uma aliança entre o PSDB e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), uma vez que tucanos ocupavam cargos relevantes na gestão paulistana.
Com o apoio (ainda que vacilante) de Jair Bolsonaro (PL), Nunes avançou ao segundo turno na liderança, com 25 mil votos à frente de Guilherme Boulos (PSOL) — o deputado federal, por sua vez, terminou com menos de 60 mil votos de vantagem sobre o ex-coach Pablo Marçal (PRTB).
“Isso foi antes de o prefeito se atirar nos braços do Bolsonaro como se atirou, comprando inclusive os aspectos mais chocantes da pauta bolsonarista, como a vacina, a participação no comício contra Alexandre de Moraes e a aceitação do vice imposto pelo Bolsonaro”, ponderou o ex-ministro. “Eu me afastei politicamente, não tinha como ficar. E voto no Boulos no segundo turno.”
Aloysio Nunes também classificou como “muito preocupante” o fato de quase um terço do eleitorado paulistano ter votado em Marçal, a quem o ex-chanceler se referiu como “indivíduo absolutamente desqualificado”.
Se há uma boa notícia no deserto do PSDB, ela vem de Mato Grosso do Sul: 56% dos municípios (44 de 79) foram para a legenda no primeiro turno. O governador também é tucano: Eduardo Riedel.
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