Política
‘O mercado precisa ver que só eu posso salvá-lo’, diz Ciro Gomes
O pedetista também defendeu cobrar ‘de 0,5% a 1,5% de alíquota de todas as grandes fortunas acima de 20 milhões de reais’
O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse nesta quinta-feira 27 ser o único capaz de “salvar o mercado”, diante da desvalorização do real e do “encurtamento” da dívida pública brasileira. Ele também tornou a criticar o Teto de Gastos, colocado em prática sob o governo de Michel Temer.
Ciro lamentou o fato de “2/3 da força de trabalho brasileira estarem na selvageria da precarização – 70 horas semanais de jornada de trabalho, com uma renda média declinante”.
“O mercado precisa ver que só quem pode salvá-lo sou eu, porque se o mercado não fosse tão ‘curto-prazista’, não fosse tão curto nas suas reflexões, veria o que eu estou vendo: que o Brasil, que era o País no mundo que mais crescia, virou o que menos cresce”, afirmou o pedetista em entrevista à Rádio Nova Brasil FM, de São Paulo.
Segundo ele, o Brasil, na Bolsa de Valores, perdeu 30% em dólar. “Foi a moeda que mais se desvalorizou no mundo. E todos os rentistas estão apanhando para a inflação. O mercado está perdendo aqui e ali no curto prazo, mas, no longo prazo, a dívida brasileira está caminhando aceleradamente para 100% do PIB. Então, você tem que a dívida está encurtando dramaticamente de prazo, esquentando o dinheiro.”
Ciro declarou que o Orçamento brasileiro, de 4,8 trilhões de reais, tem 3 trilhões fora do teto – ” juro para banco, rolagem e amortização de dívida pública, ou seja, o pedaço da banqueirada, do especulador financeiro.” Ele defendeu mais uma vez a taxação de grandes fortunas e a revisão das desonerações.
“Eu pretendo cobrar de 0,5% a 1,5% de alíquota de todas as grandes fortunas acima de 20 milhões de reais”, projetou. “Eu atinjo 58 mil brasileiros.” De acordo com o ex-governador do Ceará, “o mundo inteiro cobra esse tributo, com alíquota moderada para não causar fuga de capitais”.
Questionado sobre suas “mágoas” com o ex-presidente Lula, Ciro disse querer “ganhar a eleição, e o Lula é um adversário”.
“Considero o Moro um inimigo da República, considero o Bolsonaro um inimigo da República e o Lula eu tenho o respeito de tratar como um adversário. Mas as pessoas querem que eu diga que o Lula foi perfeito? Ele traiu a causa, vendeu o Brasil aos banqueiros”, emendou o pré-candidato do PDT.
Ciro, porém, tem o desafio de crescer nas pesquisas de intenção de voto. Levantamento Ipespe divulgado nesta quinta 27 mostra que Lula segue na liderança das projeções. O petista mantém 44%, independentemente da lista de candidatos apresentada na disputa.
Em 2º lugar aparece Jair Bolsonaro (PL), que varia de 24% a 26% a depender do cenário apresentado, seguido por Sergio Moro (Podemos) e Ciro, empatados em 3º lugar com 8%. O pedetista vai a 9% sem o ex-juiz no levantamento.
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