‘O mercado não ganhou a eleição’, diz Gleisi ao reafirmar posições do PT na economia

A presidente do PT também cobrou a demissão de Roberto Campos Neto do cargo de presidente do Banco Central

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

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A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, reafirmou as posições do partido contra a alta taxa de juros praticada no Brasil e contra a reoneração no preço dos combustíveis promovida recentemente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo defendeu em entrevista ao site Metrópoles, o PT precisa seguir fiel ao projeto econômico apresentado na campanha de Lula e não ceder às pressões do mercado financeiro.

“Tem que aprender o seguinte: o PT é o partido do presidente da República. E quando nós fizemos a campanha, foi na linha desenvolvimentista do Estado, e não fiscalista do Estado. É papel do PT, como guardião desse projeto que ganhou a eleição, colocar essa discussão sempre na mesa”, afirmou Gleisi. “Eu sei como funciona o governo, as pressões… O mercado pressiona o tempo inteiro. Tem que ter um contraponto nisso. Não pode o mercado ficar falando sozinho, pressionando, achando que tem razão. O mercado não ganhou a eleição”.

Na conversa, a deputada, no entanto, reconheceu que Haddad está correto ao tentar mediar a situação, já que este, na visão dela, seria o papel de um ministro da Fazenda.

“O ministro tem uma grande responsabilidade. Ser ministro da Fazenda não é algo simples. Ele sabe que as posições dele têm impacto nos resultados de mercado, do dólar, na bolsa, enfim. Ele tem muito cuidado ao conduzir, está correto o papel dele”, avaliou. “Agora, temos também que fazer uma contraposição para que, pelo menos, o projeto vencedor seja o projeto usado para conduzir o país”.

Gleisi havia também disse entender não ser o momento de reonerar os combustíveis, como decidiu Haddad recentemente. Porém, ponderou que o governo, na figura de Lula, minimizou os impactos negativos com outras medidas.

“Vejo que o presidente Lula conduziu da melhor forma para tentar minorar o impacto que teria a reoneração no preço da gasolina. Tivemos uma solução mediada pelo presidente, considerando a questão da reoneração, mas também considerando que tem de segurar esse preço”, destacou Gleisi. “Não tem porque agora a gente fazer aumento da gasolina que prejudica a população”.


A petista voltou a pedir a demissão de Roberto Campos Neto do cargo de presidente do Banco Central. Para ela, o executivo, está distante do projeto atual de País e, caso não reveja sua posição sobre a Selic, precisa deixar o posto.

“É um absurdo uma taxa de juros de 13,75%. Está gerando desvantagem competitiva para o Brasil. É contra o Brasil. Eu acho que ele tinha que pedir para sair do Banco Central. Ele não tem nada a ver com esse projeto que ganhou nas urnas”, defendeu a deputada. “Nós precisamos ter um Banco Central que cumpra o seu papel, que é de controle da inflação, mas também de geração de emprego, de desenvolvimento, mas que não estrangule o país. É o que está lá na Lei da Autonomia. Não está certo o que ele está fazendo”.

Caso não peça demissão, diz Gleisi, a solução seria articular a saída de Campos Neto via Senado, como prevê a legislação. “Onde é que está o problema? Não deu certo, sai. Eu acho que o Senado tem responsabilidade com o país. Tem que fazer uma discussão”.

Ao site, a parlamentar ainda ‘recusou’ os acenos de Campos Neto para apaziguar a situação entre BC e governo federal. Segundo afirmou, o executivo do banco não deveria sinalizar positivamente ao governo, mas sim tomar ações concretas para a retomada econômica. “Não precisamos de um presidente do Banco Central que faça política. Nós precisamos de um presidente do Banco Central que dê resultados. Então, se ele quer dar resultado, é baixando a taxa de juros. E aí não é para agradar o governo, não, é pelo país, é pelo povo brasileiro, é pelo emprego que a gente tem que gerar e pelo desenvolvimento”.

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