Derivado do latim, o termo prebenda era de uso corrente em quase toda a Europa nos primórdios da Idade Média. Em seu significado original, tinha caráter religioso e servia para designar a ajuda em dinheiro, vestimentas, moradia ou mantimentos que as comunidades cristãs davam aos padres e sacerdotes para que estes tivessem o conforto material necessário para realizar missas e cultos e “semear a palavra de Deus”. Isso, claro, antes de a Igreja Católica tornar-se riquíssima e hegemonizar politicamente o continente europeu. Ainda no século XVI, com a Reforma Protestante de Martinho Lutero e João Calvino, o termo ganhou ares pejorativos, pois prebenda passou também a designar os pecaminosos ganhos financeiros de alguns altos membros do clero por seus “serviços prestados ao Vaticano”.
Muitos séculos depois, no Brasil de 2024, onde alguns setores da política e da sociedade parecem ter queda por discussões medievais, a palavra prebenda, desconhecida para a maioria da população, ressurgiu. Ela está na raiz da mais recente crise entre o governo Lula e lideranças evangélicas, deflagrada depois que a Receita Federal decidiu suspender um ato publicado pelo governo Bolsonaro que isentava de Imposto de Renda e contribuições previdenciárias os repasses feitos pelas igrejas aos pastores.
Leia essa matéria gratuitamente
Tenha acesso a conteúdos exclusivos, faça parte da newsletter gratuita de CartaCapital, salve suas matérias e artigos favoritos para ler quando quiser e leia esta matéria na integra. Cadastre-se!
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login