Política

O encontro de Temer com senadores pró-Lula e o que esperar do MDB em um 2º turno

Marcelo Castro, do MDB do Piauí, diz considerar Tebet ‘uma boa senadora’, mas ressalta que o cenário consolidado não abre espaço para a 3ª via

O ex-presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert
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Um grupo de senadores do MDB entusiastas de uma aliança com Lula, do PT, já no primeiro turno das eleições se reuniu nesta terça-feira 19, em São Paulo, com o ex-presidente Michel Temer. Em pauta, esteve também a defesa pelos parlamentares do adiamento da convenção que deve chancelar a candidatura de Simone Tebet ao Palácio do Planalto, marcada para 27 de julho.

Os senadores se mostram favoráveis à realização do evento em 5 de agosto, o último dia autorizado pelo Tribunal Superior Eleitoral para as convenções partidárias. Temer saiu do encontro com a tarefa de levar ao presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, a ideia do grupo. Rossi, porém, fez questão de negar a solicitação minutos após a reunião, via redes sociais.

“MDB, PSDB e Cidadania, que atendem pelo nome de CENTRO DEMOCRÁTICO decidiram que suas convenções nacionais para homologar Simone Tebet como candidata à Presidência do Brasil serão no dia 27 de julho. Esta data está mantida. #SiimoneSIM”, escreveu o presidente emedebista.

O encontro desta terça, no escritório de Temer, contou com os senadores Eduardo Braga (AM), Renan Calheiros (AL), Rose de Freitas (MG) e Marcelo Castro (PI); do deputado federal Isnaldo Bulhões (AL); e do ex-ministro Moreira Franco.

Na reunião desta terça, os senadores também defenderam que Temer tentasse convencer Rossi a realizar uma convenção presencial, não virtual. Trata-se do mesmo grupo de parlamentares que, na véspera, representou lideranças do MDB de 11 estados a endossarem a candidatura de Lula.

Em contato com CartaCapital, o senador Marcelo Castro, do MDB do Piauí, defendeu a aliança com Lula e citou a proximidade de vinte anos entre os dois partidos em seu estado.

“É, talvez, o estado mais lulista que existe no Brasil”, avaliou. “Lá no Piauí, com a parceria que nós temos e um povo tão lulista quanto é, ficaria muito difícil para qualquer membro do MDB defender uma candidatura própria.”

Castro disse considerar Tebet “uma boa senadora, com histórico excelente”, mas ressaltou que o cenário consolidado opõe Lula e Jair Bolsonaro e não abre espaço para uma terceira via.

“A eleição está tão polarizada que se pegar as pesquisas de um ano atrás, vamos chegar à conclusão de que elas não mudaram nada”, afirmou o parlamentar. Questionado sobre qual deve ser a conduta do MDB em um eventual segundo turno entre o petista o presidente de extrema-direita, Marcelo Castro destacou o racha no partido.

“Unido, não [deve apoiar nenhum candidato], mas entendo que a maioria do partido estaria apoiando Lula no segundo turno. Se o Lula não ganhar no primeiro turno, acredito que na sua maioria o partido apoiaria Lula, mas um grupo expressivo do MDB ficaria com Bolsonaro.”

Mais cedo, o senador Eduardo Braga, do MDB do Amazonas, disse a CartaCapital que os senadores decidiram apoiar Lula “comprometidos com o projeto de Brasil que queremos, o fortalecimento da democracia, a retomada do crescimento, emprego, renda e da Justiça social de que este País precisa para que nós possamos ter a solidariedade e o enfrentamento da fome”.

Nacionalmente, porém, o MDB continua a bancar a pré-candidatura da senadora Simone Tebet ao Palácio do Planalto. Ela, a propósito, não assiste indiferente à pressão de alas do partido pelo endosso a Lula. O MDB divulgou nesta terça uma nota, assinada por dirigentes em 19 estados, na qual reitera o nome de Tebet para a disputa.

Seis anos após a derrubada de Dilma Rousseff, Temer e o PT não restabeleceram qualquer diálogo com o objetivo de construir uma aliança no primeiro turno. O ex-presidente sequer se manifesta de forma decisiva sobre o candidato a merecer seu apoio em um possível segundo turno entre Lula e Bolsonaro.

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