Morto em 2004, o ex-governador Leonel Brizola deixou um vazio de coragem, impertinência, bom humor e liderança no campo progressista. O que diria da atual situação brasileira se vivo – e lúcido – estivesse? Trabalharia por uma candidatura própria do PDT? Integraria uma aliança mais ampla? Imaginar os movimentos e as decisões de um dos maiores líderes trabalhistas da história guarda semelhanças com uma sessão espírita, mas há quem, nos últimos tempos, se arrisque a “incorporar” o gaúcho. Anda acalorada a briga pelo uso da imagem de Brizola e por sua herança política, tanto por políticos fluminenses quanto pelos descendentes.
Empenhado na missão de garantir certa propriedade sobre o legado de Brizola, o atual presidente do PDT, Carlos Lupi, ficou indignado com a inauguração, em 6 de junho, no Rio de Janeiro, do comitê Brizolula, criado por ex-dirigentes do partido, trabalhistas históricos e militantes petistas identificados com o ex-governador. Iniciativa do vereador carioca Leonel Brizola Neto, do PT (não confundir com o irmão ex-ministro de Dilma Rousseff, cuja alcunha política é Brizola Neto) e com a participação de pedetistas da velha-guarda, entre eles Vivaldo Barbosa e Luiz Alfredo Salomão, o comitê une a imagem de Brizola e Lula em apoio à candidatura de Marcelo Freixo, do PSB, ao governo estadual. O gesto foi qualificado publicamente por Lupi como “ilegítimo”, “oportunista” e “pura provocação”, pois o PDT tem Ciro Gomes como candidato a presidente e Rodrigo Neves na disputa pelo governo do estado.
Os comitês Brizolula, montados por dissidências do PDT, irritam as lideranças do partido
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