Política

Novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara promete pautar denúncias contra Bolsonaro

Carlos Veras assume uma importante comissão na Câmara dos Deputados em um cenário dominado por bolsonaristas

Deputado Federal Carlos Veras (PT-PE). Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados.
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O novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Carlos Veras (PT-PE), afirmou que em sua gestão, que dura um ano, nenhuma denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro deixará de ser pautada.

O petista assume uma das principais comissões da Câmara em um cenário nada positivo para a oposição. Após a vitória de Arthur Lira (PP/AL), candidato apoiado pelo governo, as principais comissões foram entregues a bolsonaristas como Bia Kicis (CCJ) e Carla Zambelli (Meio Ambiente).

“Na comissão, nós não vamos nos omitir de receber e dar prosseguimento a denúncias que chegarem. Vamos pautar as [denúncias] individuais da população que sofre violações, as coletivas e as denúncias envolvendo direitos humanos”, afirma o deputado, em entrevista a CartaCapital.

A Comissão é responsável também por receber denúncias de organismos nacionais e internacionais. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro foi mais uma vez denunciado na Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pela condução da pandemia do coronavírus no Brasil.

Essa denúncia e outras já apresentadas podem chegar na Câmara dos Deputados e vai parar nas mãos de Veras, que também critica a atuação do presidente.

“Bolsonaro aproveitou a pandemia para passar a boiada nos direitos humanos. A demora do auxílio emergencial, por exemplo. Tem exemplo maior de violação dos direitos humanos? As pessoas estão passando fome e o que nós tivemos até agora desde janeiro? Nada”, analisa Veras.

Mesmo com Lira eleito, Veras acredita que ele não deixará passar projetos como a liberação de armas, proposta de campanha de Bolsonaro.

“Não tem clima para aprovar essas pautas, e espero que o Lira tenha a sabedoria para não as colocar em votação. Vamos atuar para barrar pautas como essa. A população não precisa de armas. As únicas armas que a população precisa neste momento é vacina e a [arma] que mata a fome”, diz.

Foco no combate à e na vacinação em massa

A Comissão de Direitos Humanos deve operar como um QG da oposição dentro da Câmara. O deputado adiantou para CartaCapital que seus vice-presidentes serão Orlando Silva (PCdoB/SP), Erika Kokay (PT/DF) e Sâmia Bonfim (PSOL/SP).

Com foco no combate à fome e na vacinação em massa, Veras acredita que conseguirá apoio de setores ligados a Bolsonaro. “Hoje há clima de apoio para construir essa unidade de ação coletiva para a pandemia. Não é unânime, mas tem maioria. Os religiosos que fazem o debate aqui não têm como serem contrários à garantia de alimentação, é um direito humano fundamental. Vamos trabalhar por parcerias”, garante Veras.

O deputado assume um discurso conciliador para tentar atrair apoio — especialmente o do centrão, maior bloco da Câmara e atual fiador do governo Bolsonaro.

“Vamos chamar o governo para pautar. Já temos um convite para a ministra Damares Alves para discutir a política nacional. A comissão não vai se omitir de maneira alguma”, diz Veras.

PT e Lula

O PT, maior partido da Câmara dos Deputados, ficou com apenas três comissões: Direitos Humanos, Pessoas com Deficiência e Legislação Participativa.

Veras explica que o partido apoiou a chapa de Baleia Rossi (MDB), que perdeu as eleições para Lira. Com isso, o PT acabou perdendo forças nas comissões, mas ele garante que os parlamentares não deixarão de atuar como oposição.

A volta do ex-presidente Lula ao jogo político deu também um fôlego extra para a bancada do partido. Veras espera contar com o apoio do petista, mas sem deixar de procurar líderes de outros partidos.

“Vamos utilizar todas as ações possíveis para ajudar a população brasileira. Naquilo que ele [Lula] puder ajudar, teremos maior satisfação. Não só ele, mas outros setores do país. Vamos procurar os líderes de todos os partidos. Vou procurar separar o máximo a minha atuação na CDH com a minha atuação como parlamentar do PT”, afirmou o deputado.

Assista à entrevista completa:

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