Política

Novo ‘depoimento’ de Adélio, que impulsiona boato em redes bolsonaristas, não existe

A PF desmentiu a alegação central de uma ação orquestrada para requentar o episódio da facada em 2018

O então candidato Jair Bolsonaro após a facada, em 2018. Foto: AFP
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Ganhou tração nas últimas horas uma orquestrada tentativa de requentar o caso da facada em Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. O próprio presidente da República fez questão de incentivar os boatos ao compartilhar, nas redes sociais, um vídeo supostamente gravado após a primeira cirurgia realizada em decorrência do ataque.

Perfis bolsonaristas, porém, decidiram ir além e retomar uma versão desprovida de qualquer sustentação: a de que Adélio Bispo, o autor da facada, teria agido a mando de um partido político.

A história se desenrola desde o sábado 12, quando um perfil que reivindica ser parte do grupo Anonymous publicou, no Twitter, a seguinte mensagem: “Adélio Bispo prestou depoimento gravado pela PF dizendo que a facada teria sido encomendada pela campanha de Haddad em 2018. Carluxo irá usar esse vídeo. Eu tenho certeza, absoluta que Adélio foi coagido”.

O post passou a ser compartilhado por apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais e políticos ajudaram a espalhar o conteúdo, a exemplo do deputado federal Junio Amaral (PSL-MG), que escreveu no Twitter: “Parece estar chegando ao fim a busca pela identificação dos responsáveis pela facada no presidente Jair Bolsonaro. ANONYMOUS afirmou hoje que Adélio resolveu entregar a companheirada do PT”.

CartaCapital procurou a Polícia Federal para saber se Adélio Bispo prestou um novo depoimento em que admitiria ter sido contratado por um partido para atentar contra a vida de Bolsonaro. A resposta foi direta: esse depoimento não existe.

Em diversas oportunidades ao longo dos últimos meses, Bolsonaro insistiu na insinuação de que Adélio não agiu sozinho em Juiz de Fora (MG). Em dois inquéritos, a Polícia Federal concluiu que não houve mandante para o ataque.

O caso, porém, não está encerrado. Com autorização do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, as investigações foram reabertas após uma suspensão obtida a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil, que questionava diligências aplicadas contra o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, defensor de Adélio à época do crime.

Em janeiro, o ex-capitão disse esperar que a PF “chegue a uma conclusão sobre os mandantes desse crime”.

“Tenho várias suposições na minha cabeça e tenho conversado com a Polícia Federal no sentido de ajudá-la a desvendar esse crime.”

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