Política
“Nossa preocupação agora é a Argentina”, diz Bolsonaro a diplomatas
Presidente demonstrou temor de um retorno da esquerda ao poder nas eleições presidenciais no país, marcadas para outubro


Em meio à indefinição na Venezuela, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que os interesses diplomáticos do País devem se voltar a um outro país vizinho, mais ao sul. Em evento do Itamaraty nesta sexta-feira 03, ele demonstrou temor em relação às eleições presidenciais na Argentina, marcadas para o dia 27 de outubro.
“Nossa preocupação tem que se voltar mais ao sul, na Argentina, por quem poderá comandar aquele país”, disse, antes de declamar um discurso aos jovens diplomatas formados pelo Instituto Rio Branco.
O aumento da inflação e mais de 30% da população amargando a pobreza vem tornando cada vez mais distante uma reeleição do liberal Mauricio Macri, que mantém boa relação com Bolsonaro.
“Por que não queremos, eu acho que o mundo não quer, uma outra Venezuela mais ao sul do nosso continente”, completou. Embora não tenha citado nenhum nome, ficou implícita a preocupação com um possível retorno de Cristina Kirchner ao poder.
Pesquisas eleitorais no país têm indicado vitória da ex-presidente em um eventual segundo turno contra o atual. Hoje senadora, Cristina corre o risco de ser presa sob acusação de corrupção em um caso conhecido como ‘Cadernos de corrupção’. O julgamento está previsto para o dia 21 de maio.
No mesmo evento, Bolsonaro concedeu a Ordem Nacional de Rio Branco — mais distinta condecoração do Itamaraty — a Olavo de Carvalho e aos seus filhos Flávio e Eduardo. Também foram laureados os ministros Onyx Lorenzoni, Marcos Pontes, o general Augusto Heleno, o vice Hamilton Mourão e mais doze deputados.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.