Política
No governo Bolsonaro, Brasil cai no ranking de liberdade de expressão, diz estudo
País sofre piora no índice desde o início do mandato do ex-capitão
Um relatório da ONG Artigo 19 aponta que o Brasil caiu de posição no ranking global de liberdade de expressão. Com número recorde de ataques a jornalistas em 2021, o País registrou a terceira maior queda do mundo, entre 2011 e 2021.
Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira 30, o Brasil perdeu, em 10 anos, 38 pontos em uma escala de 0 a 100 e ficou atrás apenas de Hong Kong e Afeganistão.
O declínio na liberdade de expressão é registrado desde 2016, e se acentuou a partir de 2019, primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). O Brasil, que antes se enquadrava na categoria “aberto” do ranking, hoje está na categoria “restrito”, a terceira pior escala entre as cinco existentes no levantamento.
Para categorizar as nações, pesquisadores consideram fatores como liberdade de imprensa, controle de redes sociais, liberdade artística e acadêmica, participação social, violência política, entre outros.
O Brasil hoje ocupa o 89º lugar entre 160 países. Democracias como Dinamarca e Suíça estão no topo do ranking. Entre os mais repressivos estão Guiné Equatorial, Arábia Saudita e Nicarágua.
Um dos critérios que levou o Brasil a deslizar no ranking foi o aumento dos ataques a jornalistas e veículos de imprensa. Somente em 2021, foram 430 casos, o maior número registrado desde os anos 1990.
Somente durante o período do governo Bolsonaro verificou-se um aumento de 50% da violência sofrida por profissionais de imprensa.
Segundo o relatório, “no trabalho de campo, em vez de serem protegidos por suas identificações, os jornalistas são frequentemente escolhidos, assediados e atacados”.
Outro critério considerado pelo levantamento se baseia na desinformação divulgada pelo governo durante o período da pandemia de Covid-19. Nesse período, o presidente incentivou o uso de medicamentos sem comprovação científica, promoveu aglomerações e atuou contra as medidas de isolamento.
Além do posicionamento contrário às orientações sanitárias, o levantamento aponta que o governo do ex-capitão ainda ocultou dados sobre os casos confirmados e de óbitos pela doença.
Outro ponto abordado no relatório é o conflito existente entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal e as declarações de cunho golpista do presidente.
“Embora a queda na pontuação do Brasil tenha se estabilizado desde 2019, as eleições presidenciais de 2022 serão um teste à democracia do país”, diz o texto. “Enquanto Bolsonaro continua a fazer declarações como ‘só Deus pode me tirar da Presidência’ e comentaristas fazem comparações com Trump e a insurreição do Capitólio [quando manifestantes invadiram o Congresso dos EUA], 2022 pode revelar o quanto foi erodido durante o mandato de Jair Bolsonaro”, diz trecho do documento.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.