Política

No Dia da Mulher, Damares e Michelle dizem que Bolsonaro faz ‘o governo mais cor de rosa do mundo’

A expressão foi usada para se referir a supostos avanços na proteção das mulheres no Brasil; números desmentem

Foto: Reprodução
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Conhecido por declarações misóginas e sexistas, Jair Bolsonaro (PL) foi classificado como o ‘governo mais cor de rosa do mundo’ por sua esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, e por sua ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do Brasil, Damares Alves. A expressão foi usada nesta terça-feira, 8 de Março, para se referir a supostos avanços na proteção das mulheres no Brasil, bem como a uma maior participação feminina no atual governo, que conta com apenas 3 ministras.

“Somos de fato um governo cor de rosa. Quando falo que este é um governo cor de rosa vejam quanto foi investido em mulheres no Brasil só em 2021, 236 bilhões de reais. Este é o governo Bolsonaro”, iniciou Damares.

Segundo a ministra, o atual governo seria o que mais protegeu mulheres, em especial, da violência, na história do Brasil. Um relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta segunda-feira 7, no entanto, revela um crescimento de 3,7% nos casos de estupros no país. Ao todo, mais de 56 mil casos foram registrados em 2021, um abuso a cada dez minutos no País. O levantamento também contabilizou 1.319 casos de feminicídio, ou seja, uma mulher foi assassinada a cada 7 horas no Brasil.

Após celebrar um suposto sucesso de suas políticas públicas, a ministra passou então a citar um crescimento no número de mulheres que integram o segundo e o terceiro escalão do governo:

“Este é um governo conduzido por mulheres, nunca teve tantas mulheres no alto escalão do governo como agora”, afirmou sem citar que apenas 3 mulheres ocupam algum dos 23 ministérios no atual governo.

Em sua participação, a primeira-dama Michelle Bolsonaro também reforçou o mesmo tema e, ao se referir ao ex-capitão, voltou a usar a expressão cunhada por Damares pouco antes.

“Em nome do presidente mais cor de rosa do mundo, eu cumprimento as autoridades masculinas”, disse a primeira-dama logo no início do discurso. Ao longo de sua participação, ela alegou ser vítima de ‘palavras acusadoras’ pelo sucesso na sua atuação. Nos episódios mais recentes envolvendo a primeira-dama, ela foi acusada de beneficiar amigos e apoiadores em empréstimos e negociações com a Caixa Econômica Federal.

Vale ressaltar ainda que, nos dois casos, os discursos sequer citaram a rejeição recorde que Bolsonaro tem no público feminino. As mulheres brasileiras, atualmente, formam uma das fatias do eleitorado que mais reprova o ex-capitão. Ao todo, o presidente é considerado ‘ruim’ ou ‘péssimo’ por 57% do eleitorado feminino no Brasil, segundo a mais recente pesquisa PoderData. O volume supera o do público geral, quando 52% fazem a mesma indicação.

Em sua participação no evento alusivo ao Dia Internacional das Mulheres, Bolsonaro fez um discurso mais curto e contido. Ao iniciar suas declarações, se dirigiu aos militares para dizer que se ‘dependesse das mulheres, o mundo não teria guerra’.

Depois, Bolsonaro usou a maior parte do tempo para tratar da sua mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro, que morreu no dia 21 de janeiro. Ele não citou a expressão usada por Damares e Michelle. Sobre o suposto sucesso de suas políticas, se limitou a dizer que foi o governo que ‘mais prendeu machões agressores’.

 

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