Política

Neto do cacique Raoni é exonerado sem explicações de cargo na Funai

A demissão acontece 18 dias depois de Raoni organizar encontro com lideranças indígenas e elaborar carta denunciando genocídio pelo governo

Cacique Raoni em reunião de líderes indígenas (Foto: Eric Marky Terena / Mídia Índia)
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O índio caiapó Patxon Metuktire, 34, neto do cacique Raoni, foi exonerado esta semana do cargo de coordenador regional Norte de Mato Grosso da Funai em Colíder (MT).  A demissão foi assinada pelo número dois do ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), o delegado de Polícia Federal Luiz Pontel, e acontece 18 dias depois de Raoni ter organizado um encontro na aldeia Piaraçu, na terra indígena Capoto-Jarina, com mais de 600 indígenas.

O encontro deu origem a uma carta aberta que denunciou riscos de “genocídio, etnocídio e ecocídio” no governo Bolsonaro. À reportagem da Folha de S. Paulo, Metuktire afirmou que considera a demissão uma retaliação pelo trabalho do avô e que não teve explicações por parte da Funai. “O presidente Bolsonaro esteve falando muita coisa do meu avô. Entendo que houve algo [nesse sentido], tanto que não me comunicaram nada, não explicaram nada”.

No cargo desde dezembro de 2015, Patxon atuava em um setor relacionado a cinco terras indígenas, cerca de 40 aldeias e 4.000 indígenas de nove etnias diferentes, do norte de Mato Grosso ao sul do Pará e recebia um salário médio líquido de R$ 4.500 mensais. Seu cargo será ocupado pelo seu substituto interino, um não indígena servidor da Funai oriundo de Franca (SP), que entrou para o órgão indigenista em janeiro de 2018.

O presidente Bolsonaro começou a direcionar ataques ao cacique Raoni depois que ele se reuniu com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris, e com o papa Francisco, no Vaticano, em maio do ano passado, em busca de apoio para fiscalização e proteção das terras indígenas caiapós no Brasil. Raoni considerou uma conversa com o presidente Bolsonaro, que nunca o recebeu.

Em declarações direcionadas ao cacique, Bolsonaro declarou que “não o considera autoridade” e chegou a afirmar, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro, que Raoni, assim como outros líderes, são usados como peças de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia.

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