‘Não vejo necessidade de CPI para chegar às informações’, diz Gleisi sobre Moro e Alvarez & Marsal

A presidenta do PT afirmou que a sigla faz 'estudos jurídicos' para detalhar as relações entre o ex-juiz e a consultoria norte-americana

Foto: Agência Câmara

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A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), sinalizou nesta quarta-feira 25 que o partido não deve pedir a abertura de uma CPI para investigar as relações entre o ex-juiz Sergio Moro e a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal.

“Não vejo necessidade de CPI para a gente chegar a essas informações”, afirmou Gleisi em entrevista ao UOL. “Estamos fazendo estudos jurídicos. Como esses processos envolvem falências de empresas, precisamos saber se juridicamente a gente poderia instaurar CPI sobre isso”.

Gleisi ainda declarou esperar “que o TCU compartilhe conosco os documentos sobre o caso” e se disse “espantada” com a decisão de Moro de, até aqui, não “vir a público” para revelar quanto embolsou da empresa.

Na terça-feira 24, em entrevista ao Estado de S.Paulo, Moro afirmou que os valores recebidos por ele na passagem pela consultoria norte-americana representam uma “questão privada”, embora a empresa tenha recebido no mínimo 42,5 milhões de reais de companhias investigadas pela Lava Jato.

As informações sobre os ganhos da companhia vieram à tona na última sexta-feira 21, por decisão do ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União. O salário de Moro, no entanto, continua um mistério.

“Eu vou revelar meu salário, vou apresentar meu imposto de renda, declarar todos meus ganhos. Não mudei meu domicílio tributário do Brasil. Vou inclusive, no registro da futura candidatura, apresentar as declarações no TSE, em transparência ativa”, declarou o ex-ministro de Jair Bolsonaro.


Os 42,5 milhões recebidos pela empresa dos Estados Unidos de alvos da Lava Jato se dividem da seguinte forma:

  • 1 milhão por mês da Odebrecht e da Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial);
  •  150 mil da Galvão Engenharia;
  • 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC);
  • e 97 mil da OAS.

O Ministério Público junto ao TCU e a Corte analisam o contrato entre Moro e a Alvarez & Marsal.

Em dezembro, o subprocurador-geral junto ao TCU, Lucas Rocha Furtado, já havia manifestado a intenção de compreender os termos da atuação do ex-juiz, sob suspeita de ter recebido para fornecer informações privilegiadas à consultoria. Moro, como magistrado, julgou e condenou executivos da Odebrecht, cliente da Alvarez & Marsal no processo de recuperação judicial. O ex-ministro de Bolsonaro está na mira do TCU por um suposto conflito de interesses.

Moro, contratado pela consultoria em 2020, foi anunciado pela própria empresa como sócio-diretor de Disputas e Investigações. Poucos meses depois, conforme manifestação do escritório ao TCU, ele foi “rebaixado” a “consultor”. Em outubro de 2021, para Moro se dedicar à pré-campanha pelo Podemos à Presidência, o contrato foi rescindido.

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