Política

‘Não quero conversa contigo’, diz Bolsonaro a repórter que o questionou sobre fake news contra vacinas

Pouco antes, impaciente, o ex-capitão perguntou aos jornalistas se havia ‘mais alguma pergunta inteligente’ a ser feita

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O presidente Jair Bolsonaro se irritou neste sábado 11 ao ser questionado por um jornalista, durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro, sobre a divulgação de fake news que ligam as vacinas contra a Covid-19 ao vírus da Aids. A desinformação gerou a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal que mira a conduta do ex-capitão.

“Acabei de falar que li uma matéria. Procure a revista Exame. Você é um jornalista que deveria ter compromisso com a verdade. Não quero mais conversa contigo”, disse Bolsonaro ao repórter. Pouco antes, impaciente, o presidente perguntou aos jornalistas se havia “mais alguma pergunta inteligente” a ser feita.

Em transmissão ao vivo nas redes em 21 de outubro, Bolsonaro afirmou que relatórios do Reino Unido teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19 estariam desenvolvendo Aids, o que levou Facebook, Instagram e YouTube a removerem o vídeo das plataformas. O Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido e o Public Health England desmentiram a informação e atribuíram o boato a um site que propaga fake news.

Dias depois, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antonio Barra Torres, também reagiu à informação falsa de Bolsonaro.

“Nenhuma das vacinas está relacionada à geração de outras doenças. Nenhuma delas está relacionada ao aumento da propensão de ter outras doenças, doenças infectocontagiosas, por exemplo”, afirmou Barra Torres, sem citar Bolsonaro, em uma reunião da diretoria da agência. “Confiem nas vacinas, usem as vacinas.”

No despacho em que abre o inquérito no STF, o ministro Alexandre Moraes questiona a decisão da Procuradoria-Geral da República de se limitar a uma apuração preliminar e interna. O magistrado também destaca a necessidade de investigar a relação entre essa notícia falsa divulgada por Bolsonaro e a atuação de milícias digitais, alvo de um inquérito no Supremo.

Segundo o ministro, “não basta ao órgão ministerial que atua perante a Corte no caso, a Procuradoria-Geral da República, a mera alegação de que os fatos já estão sendo apurados internamente”.

“Não há dúvidas de que as condutas noticiadas do presidente da República, no sentido de propagação de notícias fraudulentas acerca da vacinação contra o Covid-19, utilizam-se do modus operandi de esquemas de divulgação em massa nas redes sociais, revelando-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente diante da existência de uma organização criminosa”, escreveu Moraes.

Na última quarta-feira 8, Bolsonaro retomou a ofensiva contra o magistrado do Supremo, durante entrevista à Gazeta do Povo.

“É um abuso. Ele está no quintal de casa. Será que ele vai entrar? Será que vai ter coragem de entrar? Não é um desafio para ele, quem está avançando é ele, não sou eu”, disse o presidente.

Em outro momento, o ex-capitão afirmou que “tudo tem um limite”.

“Eu jogo dentro das quatro linhas, e quem for jogar fora das quatro linhas não vai ter o beneplácito da lei. Se quiser jogar fora das quatro linhas, eu jogo também. Não pretendo fazer isso, isso não é ameaça para ninguém, mas que cada uma dessas pessoas faça um juízo da sua consciência do que estão fazendo. Estamos cada vez mais nos preparando para buscar o ponto de inflexão nisso, que não chegou ainda. Eu espero que essas pessoas não avancem mais, leiam a Constituição, entendam realmente qual é o sentimento da população.”

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