Política

‘Não há registro formal’, diz Pacheco sobre donos das emendas do orçamento secreto até 2021

‘Até o momento, com a norma que existe, há uma concentração na figura do relator’, declarou o presidente do Senado; consultoria discorda

‘Não há registro formal’, diz Pacheco sobre donos das emendas do orçamento secreto até 2021
‘Não há registro formal’, diz Pacheco sobre donos das emendas do orçamento secreto até 2021
Rodrigo Pacheco e Arthur Lira. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta segunda-feira 29 que não existem “registros formais” dos nomes de parlamentares que indicaram em 2020 e em 2021 recursos das emendas de relator, que formam o chamado orçamento secreto.

“Até o momento, com a norma que existe, há uma concentração na figura do relator e não há registros formais relativamente a isso”, disse Pacheco a jornalistas em Curitiba (PR). “Não é possível nós, a essa altura, declinarmos tudo quanto foi inserido pelo relator a partir do seu próprio conhecimento para declinar com precisão a fonte exata desse recurso.”

Mais cedo, a Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado divulgou uma nota técnica na qual afirma ser plenamente possível dar publicidade à relação dos parlamentares que indicaram nos últimos anos as emendas de relator.

O texto rebate um ato conjunto assinado por Pacheco e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que alega “a não exigência e a inexistência de procedimento preestabelecido por Lei para registro formal das milhares de demandas recebidas pelo Relator-Geral com sugestão de alocação de recursos por parte de parlamentares, prefeitos, governadores, Ministros de Estado, associações, cidadãos, formuladas no dia a dia do exercício dinâmico do mandato”.

“Se houve ‘milhares de demandas’ e os relatores-gerais encaminharam-nas na forma de indicações, algum tipo de procedimento organizativo tiveram para fazê-lo, e algum registro documental ou informacional mantiveram para seu próprio controle; caso contrário, teriam agido sem saber o que estavam fazendo (o que evidentemente não é o caso)”, rebate a nota técnica da Consultoria, assinada por Fernando Moutinho Ramalho Bittencourt.

Ao avançarem em um acordo para dar transparência apenas às solicitações feitas a partir de agora, Pacheco e Lira mencionam ainda uma “impossibilidade fática de se estabelecer retroativamente um procedimento para registro das demandas referidas no item anterior”. A Consultoria do Senado rebate.

“Nada, absolutamente nada, obsta que sejam publicadas essas informações. Não há ‘impossibilidade fática’, porque o que manda a liminar não é estabelecer retroativamente um procedimento para registro de demandas, mas sim divulgar os elementos e documentos que já existem”.

O Congresso Nacional se reúne nesta segunda-feira 29 para votar um projeto conjunto da cúpula do Senado e da Câmara que propõe a manutenção do pagamento de verbas do orçamento secreto, sem o cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal para tornar públicos todos os dados dos parlamentares beneficiados. A oposição tenta mudar o texto, mas a base do governo e os parlamentares do Centrão têm maioria para manter a proposta.

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