Política
Na ONU, Bolsonaro faz discurso eleitoral e ataca Lula
O candidato à reeleição citou marcos de seu governo, como ações durante a pandemia e crescimento econômico
O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, nesta terça-feira 20, em Nova York (EUA), para fazer campanha eleitoral. O ex-capitão citou medidas do seu governo, como o Auxílio Brasil e a redução do preço dos combustíveis, e criticou gestões anteriores.
Sem citar o ex-presidente Lula (PT), mas com uma clara referência ao petista, Bolsonaro afirmou que acabou com os escândalos de corrupção no País.
“No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica. Somente entre o período de 2003 a 2015, quando a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má-gestão, loteamento político e em desvios chegou à casa dos 170 bilhões de dólares”, disse o ex-capitão. “O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade. Este é o Brasil do passado”.
O presidente não fez qualquer menção à anulação das condenações por decisão do Supremo Tribunal Federal, que demonstrou a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro.
O ex-capitão também criticou a imprensa quando noticia o desmatamento na região amazônica.
“O Brasil é parte da solução em desenvolvimento sustentável. Dois terços de todo território brasileiro permanecem com vegetação nativa”, afirmou. “Na Amazônia brasileira, área equivalente à Europa Ocidental, mais de 80% da floresta continua intocada, ao contrário do que é divulgado pela grande mídia nacional e internacional”.
Os números divulgados pelo ex-capitão sobre a preservação da floresta têm sido modificados ao longo de seus discursos. Em julho de 2021, ele falava em 90% de floresta nativa intacta.
Imagens registradas pelos satélites Landsat desde 1985 mostram que o Brasil perdeu 18% da Amazônia entre 1985 e 2017, segundo análise do projeto Mapbiomas – parceria entre universidades, ONGs e instituições nacionais.
Além disso, pelo menos outros 20% da floresta estão degradados, com presença de garimpo, grileiros e madeireiros ilegais, aponta o Observatório do Clima. Tanto incêndios quanto desmatamento bateram recorde sob o governo do ex-capitão.
Na ONU, Bolsonaro também declarou que seu governo tem como prioridade as mulheres, e que sancionou mais de 70 projetos que visavam a população feminina. No entanto, apenas 46 projetos de lei beneficiam diretamente o público e nenhum foi de autoria do governo federal. Além disso, o presidente cortou 90% das verbas de programas de combate à violência contra a mulher em seu mandato.
O corte no orçamento do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos foi de cerca de 70 milhões de reais somente em 2020, primeiro ano de orçamento elaborado pela gestão bolsonarista. Em 2022, a Pasta contou apenas com 9 milhões de reais.
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