Política

Na mira da CPI, empresário bolsonarista se diz arrependido pelo 8 de Janeiro e elogia urnas

Em depoimento, o dono de rede atacadista Joveci Xavier de Andrade chamou o ato de ‘uma estupidez muito grande’

Foto: André Duarte/Divulgação
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O empresário Joveci Xavier de Andrade, um dos donos da rede Melhor Atacadista, suspeito de financiar os atos golpistas, negou ter depredado as sedes dos Três Poderes, durante o ataque do 8 de Janeiro.

A declaração foi dada nesta quinta-feira 13, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal. 

Andrade foi o primeiro empresário suspeito de financiar atos golpistas ouvido pela Comissão. Após negar a participação nos atos e ser desmentido por fotos, ele disse estar arrependido da atitude.

“Fui naquela euforia. Confesso que eu não deveria ter ido. Deu muito errado. Eu jamais imaginava aquilo“, declarou. “Em qual país, isso deu certo? Destruir Congresso, Supremo, isso só ia aumentar a nossa conta. Destrói tudo e agora volta o Bolsonaro? É de uma estupidez muito grande.

Ele diz ter ido “próximo à rampa” do Palácio do Planalto, mas sustenta que não chegou a invadir nenhum dos prédios. 

Andrade e seu sócio, Adauto Lucio Mesquita, são mencionados no relatório da Polícia Civil como fornecedores de alimentos e água e também por parte do pagamento dos banheiros químicos instalados na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano (SMU) para os acampamentos bolsonaristas. 

Além de serem donos da rede Melhor Atacadista, a dupla também tem sociedade nas empresas Garra Food Solutions, Canal Distribuição e Marcas Premium. 

O empresário obteve na Justiça o direito de ficar em silêncio durante o depoimento, mas decidiu responder às perguntas dos deputados. E rebateu todas acusações referentes às investigações, afirmando ter ido ao QG apenas como um “desconhecido”. 

“A nossa empresa não participa de rede nenhuma de doação política. Não doou um centavo”, afirmou Joveci. “Falando por mim, eu não participei de nenhum ato. Fui no QG umas três vezes”, e acrescentou que apoiou a reeleição do então candidato Jair Bolsonaro (PL) pedindo votos.

Sobre os acampamentos, ele mencionou que a presença de militares tornava o ambiente seguro. “Tinha a equipe do Exército no acampamento. Eles estavam por lá. Eram como se fossem… seguranças”, disse ele, em resposta, ao presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT).

Para o parlamentar esta foi a declaração mais grave do empresário: “Integrantes do Exército fazendo a segurança de um acampamento que foi considerado terrorista”.

Além do suposto arrependimento, o empresário também demonstrou ter mudado de opinião sobre o resultado eleitoral. Ele chegou a elogiar o sistema da urna eletrônica — alvo dos protestos dos QG’s, e disse reconhecer a eleição do presidente Lula (PT).

“A urna eletrônica é o melhor sistema do mundo. Achei incrível os Estados Unidos, que é mais desenvolvido, usar ainda o sistema de papel”, comentou.

Na próxima sessão marcada para quarta-feira, 19 de abril, o depoente será o general Augusto Heleno, ex-chefe do gabinete do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro.

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