O Ministério Público Federal no Acre instaurou um procedimento para investigar o pastor André Valadão pelo crime de homotransfobia. A investigação foi aberta a pedido do procurador regional dos Direitos do Cidadão Lucas Costa Almeida Dias.
Durante um culto, o bolsonarista sugeriu que fiéis deveriam matar pessoas LGBTQIA+. As afirmações foram proferidas na Igreja Batista Lagoinha em Orlando, nos Estados Unidos, na noite do domingo 2.
“Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: ‘Pode parar, reseta’! Mas Deus fala que não pode mais”, afirmou o pastor. “Ele diz: ‘Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas prometi que não posso. Agora está com vocês'”.
Ao final, Valadão retoma a frase e diretamente incita os fiéis: “não entendeu o que eu disse? Agora, tá com vocês! Deus deixou o trabalho sujo para nós”.
Depois da repercussão, o pastor negou que a declaração tenha sido sobre matar pessoas. Ele ainda atribuiu à imprensa a responsabilidade de tirar suas afirmações do contexto original e disse ser alvo de uma suposta ‘censura’.
O tom no discurso do líder religioso não é uma novidade. Em junho, o bolsonarista fez uma verdadeira cruzada digital contra a comemoração do mês do orgulho LGBT+ e, durante um culto chamado Deus odeia o orgulho, ele chegou a comparar gays a criminosos e afirmar que “ao lado de imorais, os homossexuais herdarão o Reino de Deus”.
Na campanha eleitoral do ano passado, o pastor foi um dos apoiadores evangélicos mais entusiasmados de Jair Bolsonaro (PL).
As declarações homofóbicas de Valadão levaram o Ministério Público de Minas Gerais a instaurar um inquérito contra o bolsonarista. A investigação foi solicitada pela deputada federal Érika Hilton (PSOL).
Mais cedo, o Partido Verde protocolou uma moção de repúdio na Câmara contra as declarações do pastor. O deputado Clodoaldo Magalhães (PE), líder da legenda na Casa, antecipou a CartaCapital que também acionará o bolsonarista na Justiça.
“Incitar o crime é um risco, especialmente no País que mais mata pessoas da comunidade LGBT+ de morte violenta. O discurso de intolerância já faz uma vítima a cada 34 horas”, pontuou. “Não podemos normalizar este tipo de comportamento e seguiremos mobilizados contra essas falas de intolerância e ódio.”
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login