Política

MPF entra com ação contra Daniel Silveira por reembolso irregular da cota parlamentar

A investigação encontrou irregularidades na contratação de um escritório de advocacia pelo bolsonarista

MPF entra com ação contra Daniel Silveira por reembolso irregular da cota parlamentar
MPF entra com ação contra Daniel Silveira por reembolso irregular da cota parlamentar
O ex-deputado federal Daniel Silveira. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
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O Ministério Público Federal ingressou com uma ação de improbidade administrativa contra o deputado federal Daniel Silveira (PSL/RJ) e o advogado Samuel Pinheiro Maciel. A acusação se baseia no recebimento indevido de valores, a título de reembolso de cota parlamentar.

A investigação encontrou irregularidades na contratação de um escritório de advocacia pelo bolsonarista. De acordo com notas fiscais, o deputado teria pago pelos serviços advocatícios com verbas parlamentares.

“A partir dos documentos públicos colhidos, e a oitiva do referido advogado, pudemos constatar grande preocupação do deputado Daniel Silveira em não documentar a prestação de serviços, o que vai na contramão do que se espera no uso de recursos públicos. Para tanto, chamava atenção a postura de entregar dinheiro em espécie, semanalmente, ao advogado, ausência de envio dos trabalhos efetuados por escrito, tendo sido alegado que 99% da prestação de serviço era verbal, mas também sem apresentar prova da interação entre ambos”, diz trecho da ação do MPF.

A peça sustenta ainda que “as anotações eram feitas pelo próprio Deputado Daniel Silveira em um papel, levando tudo posteriormente à Consultoria Legislativa da Câmara para formatação ‘na legística da Câmara’. Neste ponto, houve contradição com o que o referido Deputado havia declarado publicamente de que contratou a consultoria privada porque ‘não havia sido bem atendido pelos consultores legislativos’ e o órgão ‘seria dominado por esquerdistas’”.

O MPF constatou que parte dos serviços discriminados em notas fiscais era genérica, não discriminando quais consultorias, trabalhos técnicos ou pesquisas socioeconômicas foram realizadas, o que impede o comparativo com o relatório de proposições legislativas disponibilizado no site da Câmara dos Deputados. Algumas das notas apontavam ainda uma incoerência quando comparadas ao relatório do deputado apresentado à casa.

“Em 100% dos casos, os serviços discriminados em nota fiscal constam de notas lançadas após a apresentação das proposições legislativas. Os serviços discriminados em notas fiscais pelo advogado são cópia de resumo das proposições do deputado, disponibilizadas para consulta pública pela Câmara do Deputado”, arremata a ação.

Além de propor a ação, a Procuradoria da República em Petrópolis (RJ) expediu um ofício à Procuradoria-Geral da República para apurar eventual prática de crime, tendo em vista sua exclusiva atribuição constitucional para decidir a respeito.

O processo foi distribuído à Justiça Federal de Petrópolis e aguarda apreciação de um magistrado. O valor da causa é de 66 mil reais.

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