Hamilton Mourão, vice-presidente da República e atual presidente em exercício por conta da cirurgia realizada por Jair Bolsonaro, disse a jornalistas que a democracia é ‘fundamental’ e um dos ‘pilares da civilização ocidental’ quando questionado sobre o comentário do vereador e filho do presidente Carlos Bolsonaro. Na segunda-feira 10 à noite, Carlos afirmou que ‘a transformação que o Brasil quer’ não aconteceria pelas vias democráticas em uma velocidade ‘almejada’, supostamente, pelo país.
De acordo com o jornal Valor Econômico, Mourão falou com jornalistas na saída da sede da vice-presidência, e respondeu que, sobre Carlos Bolsonaro, os repórteres deveriam ir ‘perguntar para ele’, e acrescentou que a fala seria problema do vereador. Mesmo assim, respondeu elencando a democracia como um pilar social ocidental.
“Vou repetir para você: pacto de gerações, democracia, capitalismo e sociedade civil forte. Sem isso, a civilização ocidental não existe”, disse ele. Hamilton Mourão também afirmou que é papel do Executivo articular os diálogos com as demais casas legislativas. “É assim que funciona. Com clareza, determinação e muita paciência”.
No tuíte citado pelos jornalistas, Carlos Bolsonaro ainda critica uma “roda” de poder que seu pai não conseguia quebrar, segundo ele. “Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!”, disse.
Nesta terça-feira 10, o vereador acusou jornalistas de deturparem sua fala, que classificou como um ‘fato’ por conta de um lento ritmo de transformações.
O que falei: por vias democráticas as coisas não mudam rapidamente. É um fato. Uma justificativa aos que cobram mudanças urgentes.
O que jornalistas espalham: Carlos Bolsonaro defende ditadura.
CANALHAS!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) September 10, 2019
Histórico de farpas
Carlos Bolsonaro e Hamilton Mourão têm um histórico de farpas trocadas que vêm, principalmente, do filho ’02’ do presidente da República. Em abril, Carlos saiu em defesa de Olavo de Carvalho depois que Bolsonaro se envolveu em uma desavença com os militares, grupo que o guru ataca constantemente.
Na época, Olavo havia afirmado que “a única contribuição dos militares à cultura nacional foi ‘cabelo pintado’ e ‘voz empostada’”. A isso, o vice-presidente respondeu que Olavo desconhecia o ensino militar, e que deveria se limitar à função de astrólogo.
Carlos Bolsonaro replicou: “Olavo de Carvalho é uma gigantesca referência do que vem acontecendo há tempos no Brasil. Desprezar isto só têm três motivos: total desconhecimento, se lixando para os reais problemas do Brasil ou acha que o mundo gira em torno de seu umbigo por motivos que prefiro que reflitam.”, para depois postar curtidas de Mourão em tuítes que criticavam o governo Bolsonaro. A briga continuou, por parte de Carlos, pelos dias seguintes.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login