Economia
Motta ‘desautoriza’ Lira e Sóstenes e nega acordo com oposição para votar fim do foro e anistia: ‘Não deleguei’
O presidente da Câmara afirmou que não participou de tratativas sobre o pacote de projetos defendido pelo bolsonarismo e pregou cautela na análise dos temas
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou nesta quinta-feira 14 ter feito qualquer acordo com a oposição para encerrar o motim bolsonarista que paralisou o plenário por mais de 30 horas na semana passada. Em entrevista à GloboNews, ele afirmou que não delegou ao ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nem ao líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), qualquer prerrogativa para negociar em seu nome.
“Como é que eu posso validar um acordo que eu não participei? O poder da pauta é exercido por mim e eu não estou negociando essa prerrogativa. Não deleguei Arthur [Lira] para fazer acordo por mim, não deleguei Sóstenes para fazer acordo por mim. Não participei de nenhum acordo”, disse ao canal de TV.
Motta declarou que não houve tratativa sobre as pautas defendidas pelos amotinados, como a anistia aos golpistas de 8 de Janeiro e o fim do foro privilegiado, e que qualquer debate sobre esses temas seguirá o trâmite regular do Colégio de Líderes.
Segundo o presidente da Câmara, uma possível revisão das penas dos envolvidos no ataque golpista pode ser discutida com partidos de centro desde que ela não inclua o perdão a quem atentou contra a vida de outras pessoas. Já sobre o foro privilegiado, o deputado defendeu cautela para não transmitir à sociedade uma sensação de impunidade.
Motta também afirmou que seguirá o regimento na apuração de responsabilidades pelo motim e que todas as representações contra parlamentares envolvidos foram enviadas à Corregedoria, que terá até 45 dias para se manifestar antes de qualquer decisão da Mesa Diretora.
Pacote anti-tarifaço será prioridade
Na mesma entrevista, Motta comentou o pacote emergencial apresentado pelo presidente Lula (PT) para mitigar os efeitos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Ele disse que a resposta legislativa será prioridade no Congresso Nacional e que há consenso para apoiar medidas de defesa da economia brasileira.
O deputado lembrou que o Congresso já havia aprovado a chamada Lei de Reciprocidade, que autoriza o Executivo a adotar contramedidas comerciais, e destacou que Câmara, Senado e governo devem atuar unidos na defesa da soberania nacional, da indústria e dos empregos.
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