Diferente do que se previa, não restou ao plenário do Supremo apaziguar a queda de braço entre o ministro Alexandre de Moraes e a procuradora Raquel Dodge. No fim da tarde desta quinta-feira 18, o próprio Alexandre de Moraes retirou a censura a uma reportagem da revista Crusoé.
A matéria tratava de uma mensagem em que Marcelo Odebrecht chama o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo, de “amigo do amigo de meu pai”. Na época, Toffoli era advogado-geral da União.
Inicialmente, Moraes considerou que como nem a PGR havia recebido o tal documento e a matéria tinha ‘potencialidade lesiva’ à honra de Toffoli e da Corte, o conteúdo poderia sair do ar sem incorrer em desrespeito à liberdade de expressão.
Manifestações posteriores do MPF comprovavam que sim, o documento existiu de fato. Diante disso, o ministro voltou atrás na decisão que havia tomado e determinou a retirada da censura judicial.
“Comprovou-se que o documento sigiloso citado na matéria realmente existe, apesar de não corresponder à verdade o fato que teria sido enviado anteriormente à PGR para investigação. Na matéria jornalística, ou seus autores anteciparam o que seria feito pelo MPF do Paraná, em verdadeiro exercício de futurologia, ou induziram a conduta posterior do Parquet” anotou.
Moraes ressaltou ainda que o vazamento do documento à imprensa “merecerá a regular investigação dessa ilicitude.”
Imprensa x Lula
As reviravoltas no Supremo podem impactar o veto a Lula. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a decisão que impediu o ex-presidente de dar entrevistas na prisão deve ser revogada pelo tribunal ainda nesta quinta-feira.
No ano passado, Bergamo e outros jornalistas pediram autorização para falar com ele dentro da sede da Polícia Federal em Curitiba. Mas o pedido foi vetado pelo ministro Luiz Fux, que cassou uma liminar favorável dada antes por Ricardo Lewandowski. Fux determinou ainda que, se a entrevista já tivesse sido realizada, sua divulgação estaria censurada previamente.
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