Justiça
Moraes mantém preso ‘kid preto’ acusado de plano para matar Lula
Rafael Martins de Oliveira é um dos nove integrantes do núcleo 3 da tentativa de golpe de Estado


O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes manteve na quinta-feira 16 a prisão do tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, acusado de envolvimento no plano para sequestrar e até assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes.
Oliveira é um “kid preto”, apelido de integrantes do Exército ligados às forças especiais. Ele é um dos nove integrantes do núcleo 3 da tentativa de golpe — o grupo irá a julgamento na Primeira Turma da Corte a partir de 11 de novembro.
Os réus respondem por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Ao rejeitar a solicitação da defesa pela revogação da prisão preventiva, Moraes apontou “a necessidade de resguardar a ordem pública e a instrução processual penal”.
Até o momento, somente o núcleo crucial da trama golpista, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por mais sete réus, foi condenado.
A Polícia Federal prendeu Rafael de Oliveira em novembro de 2024, na Operação Contragolpe. A diligência foi parte da investigação sobre a trama golpista para Bolsonaro no poder após a eleição de 2022.
Na ocasião, a PF prendeu quatro “kids pretos”: além de Oliveira, os alvos foram o general Mário Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e o major Rodrigo Bezerra Azevedo. Outro preso era o policial federal Wladimir Matos Soares.
A polícia teve acesso a mensagens de um grupo de conversas criado pelos golpistas no aplicativo Signal e chamado “Copa 2022”, com o objetivo de monitorar Moraes. Os militares receberam codinomes de países, como Alemanha, Austria, Japão e Gana.
“Apesar de todas as pressões realizadas, o general Freire Gomes e a maioria do alto comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da República Jair Bolsonaro, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou. Com isso, a ação clandestina para prender/executar ministro Alexandre de Moraes foi abortada”, diz o relatório da PF encaminhado ao STF.
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