Justiça

Moraes manda ex-assessor apresentar defesa contra denúncia por vazar mensagens

A PGR enquadrou Eduardo Tagliaferro em quatro crimes. O ministro do STF solicitou a extradição do acusado

Moraes manda ex-assessor apresentar defesa contra denúncia por vazar mensagens
Moraes manda ex-assessor apresentar defesa contra denúncia por vazar mensagens
Eduardo Tagliafero e o ministro Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução/Instagram
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O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou, nesta segunda-feira 25, que Eduardo Tagliaferro, seu ex-assessor no Tribunal Superior Eleitoral, apresente uma resposta prévia à denúncia da Procuradoria-Geral da República. Após a notificação, o acusado terá 15 dias para se pronunciar.

Na sexta-feira 22, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou Tagliaferro por violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Cabe ao STF aceitar ou rejeitar a denúncia.

Já no sábado 23, Moraes requereu ao Ministério da Justiça a extradição de seu ex-assessor, que foi para a Itália após o início da investigação.

O inquérito apura o vazamento de conversas de WhatsApp entre servidores do STF e do TSE. Em abril, a PF indiciou Tagliaferro sob o argumento de que a violação de sigilo funcional foi consciente e voluntária — à época, o investigado integrava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE.

Segundo o PGR, Tagliaferro violou o sigilo funcional ao tornar públicos diálogos sobre temas sigilosos, com o objetivo de atender a interesses ilícitos de uma organização criminosa responsável por disseminar notícias falsas contra o sistema eleitoral, o STF e o TSE.

Além disso, prosseguiu Gonet, Tagliaferro obstruiu a investigação da organização criminosa com a mesma prática e o mesmo objetivo.

O crime de coação se configura, de acordo com a PGR, porque Tagliaferro ameaçou publicamente — após deixar o Brasil — revelar novas informações sigilosas que obteve em razão do exercício do cargo no TSE.

Por fim, Gonet avalia que houve o crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito porque o ex-assessor aderiu voluntariamente às condutas da organização criminosa investigada em processos como o da tentativa de golpe de Estado em 2022, o inquérito das fake news e o inquérito das milícias digitais.

Diz a denúncia:

“Selecionou diálogos confidenciais para tentar interferir na credibilidade e lisura das investigações, contribuiu ativamente para a divulgação de dados sensíveis de interesse dos investigados e, em 30.07.2025, anunciou publicamente a intenção de revelar, em Estado estrangeiro, novas informações funcionais sigilosas que obteve em razão do exercício do cargo, lançando, inclusive, campanha de arrecadação de recursos para financiar sua ação criminosa, com o propósito de impedir e restringir o livre exercício do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral”.

Ainda não há data definida para o STF julgar a denúncia. Se a Corte acolher a acusação, Tagliaferro virará réu e responderá a uma ação penal, ao fim da qual será condenado ou absolvido.

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