Justiça
Moraes arquiva investigação contra Bolsonaro por fraude em cartões de vacina
O ministro do STF acolheu a recomendação do procurador-geral da República, Paulo Gonet


O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes arquivou, nesta sexta-feira 28, a investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) por participação em um suposto esquema para fraudar certificados de vacinação da Covid-19.
Moraes acolheu a recomendação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que defendeu na quinta-feira 27 o fim da apuração.
Em março de 2024, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro, Reis e mais 14 pela falsificação de certificados de imunização. Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, braço direito do ex-capitão, disse que partiu do chefe o pedido para fraudar os documentos.
Na prática, os investigadores concluíram que o grupo inseriu informações falsas em um sistema do Ministério da Saúde para beneficiar o ex-presidente, parentes e auxiliares dele.
Para Gonet, porém, afirmou não haver provas a demonstrarem o que Cid relatou em sua delação. Assim, não seria possível denunciar alguém com base apenas na palavra de um colaborador.
“Essa solicitação [de Bolsonaro] é elemento de fato central para que a conduta típica, crime de mão própria, lhe possa ser imputada”, escreveu o procurador, ao mencionar a ausência de suporte mínimo para uma acusação.
Alexandre de Moraes encerrou a investigação contra Bolsonaro e Gutemberg Reis. No caso dos demais alvos da PF, o ministro entendeu que a competência não é do STF e determinou a remessa dos autos à Justiça do Distrito Federal, que deverá distribuir os processos, preservando os atos e as decisões já proferidas.
Estão na lista de indiciados, entre outros, Mauro Cid, Gabriela Cid (esposa do tenente-coronel), João Carlos de Sousa Brecha (ex-secretário de Governo de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro) e os militares e ex-auxiliares de Bolsonaro Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército), Luís Marcos dos Reis (sargento do Exército) e Sérgio Rocha Cordeiro (capitão da reserva do Exército).
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Bolsonaro réu: entenda o passo a passo de uma ação penal no STF
Por CartaCapital
O histórico do descompasso entre a PF e a PGR em relação aos crimes de Bolsonaro
Por CartaCapital
PT vai à PGR contra bolsonarista do Novo por ataques a Moraes após julgamento de Bolsonaro
Por CartaCapital