Política
Ministro nega divergência com Lula sobre indicações de conselheiros da Petrobras
Alexandre Silveira alega ter recebido aval do presidente para nomeações
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou a existência de divergências entre ele e o presidente Lula (PT) em relação às indicações para os cargos de conselheiros da Petrobras.
“Tudo isso é especulação. Eu só não estou mais entrosado com o Lula do que a Janja”, disse Silveira ao jornal O Globo.
Integrantes da Federação Única dos Petroleiros e parte da cúpula do PT disseram que Silveira barrou sugestões de aliados e indicou bolsonaristas para o cargo. Segundo diz o ministro, porém, ele recebeu o aval de Lula, do presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para as indicações.
“Essas foram as escolhas do governo, não tem porque trocar ninguém. A menos, é claro, que o comitê de elegibilidade ou o sistema de checagem aponte algum impedimento”, disse Silveira.
As indicações às quais ele se refere são de Vitor Saback, presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), e Pietro Mendes, que era do Ministério de Minas e Energia no governo de Jair Bolsonaro (PL). Os dois eram classificados como ‘a ala bolsonarista’ da Petrobras. Há ainda o desgaste sobre a indicação de Wagner Victer, ex-secretário de Energia do Rio de Janeiro, que o Planalto solicitou que fosse substituído por Bruno Moretti, economista ligado ao PT. Na entrevista ao Globo, Silveira negou que seus indicados sejam bolsonaristas.
Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social, confirmou, na quinta-feira, o que disse Silveira sobre a reunião de Silveira com Lula, Prates e os ministros. Segundo disse Pimenta, Silveira tem o aval de todos para as nomeações. “Ele tem total respaldo do presidente Lula”, enfatizou o chefe da Secom em uma conversa com jornalistas.
Apesar da alegação de que não existem divergências, a insatisfação com os nomes apresentados por Silveira, porém, é pública. A FUP tem, inclusive, travado uma cruzada para tentar barrar as nomeações. Em um dos episódios mais significativos, uma mensagem de Deyvid Bacelar, presidente da entidade, no celular de Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, foi fotografada e divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Na conversa o sindicalista pede que a deputada consiga uma reunião com Lula para que ele tente convencer o presidente a vetar as indicações. O caso gerou revolta da parlamentar, que estuda tomar ‘medidas cabíveis’ contra o jornal pela captura da imagem.
A própria deputada, porém, é outra a não esconder a insatisfação com as nomeações de Silveira. Em entrevista ao site Metrópoles publicada nesta quinta-feira, disse que essas indicações serão ‘um problema para o ministro’. “Ele não pode colocar um conselheiro que seja contra o que o presidente falou na campanha. Estelionato eleitoral não pode, não”, cobrou Gleisi na conversa.
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