Política

Ministro é alvo de deputados por suposto tráfico de influência com filho de Bolsonaro

O motivo é a investigação da Polícia Federal por suposta lavagem de dinheiro que envolve Jair Renan, o 04

Presidente Jair Bolsonaro cumprimenta Rogério Marinho, Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional. Foto: Carolina Antunes/PR Presidente da República, Jair Bolsonaro cumprimenta o Rogério Marinho, Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional. (Foto: Carolina Antunes/PR)
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O ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, é alvo de requerimento de deputados federais que pedem esclarecimentos sobre reuniões feitas com um grupo de mineração e sobre benefícios fiscais concedidos à  holding no último ano.

O motivo é a investigação da Polícia Federal por suposta lavagem de dinheiro e tráfico de influência que envolve o filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan. Ele teria ganhado um carro elétrico de 90 mil reais de representantes da empresa Gramazini Granitos e Mármores Thomazini e um mês depois teria articulado, via assessor especial da presidência, uma audiência dos empresários com o Ministro Rogério. O inquérito policial está na Superintendência do Distrito Federal.

O grupo de parlamentares pede, ainda, que o ministro explique à Comissão de Trabalho, Administração e Serviços públicos os benefícios fiscais concedidos desde 2019 à empresa.

“[Solicita] exposição dos critérios e metodologia para concessão de benefícios fiscais pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, bem como em relação à concessão do benefício fiscal relativo a 75%  do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, válido até 2028 à empresa Gramazini Granitos e Mármores Thomazini”, justificam os deputados Rogério Correia (PT-MG), Erica Kokay (PT-DF), Marcon (PT-RS) e Leonardo Monteiro (PT-MG).

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, o advogado do 04, Frederic Wassef, negou que ele tenha recebido o veículo.

“Fui constituído como advogado de Jair Renan para defendê-lo e vou requerer cópia na íntegra desse processo. Não tem nenhum carro, ele nem atuou para abrir porta para ninguém. Jair Renan nem sabe da existência desse carro. Ele não tem carro nenhum, inclusive. É mais um ato para atingir o presidente da República”.

O parceiro comercial de Renan, Allan Lucena, teria dito que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada ao grupo minerador, como revelou o jornal O Globo. Em um vídeo, Lucena aparece saindo do carro que, segundo ele, foi doado pelas empresas Gramazine e Grupo WK.

Vale lembrar que nesse dia a cobertura do evento foi feita “gratuitamente” por uma empresa que já recebeu 1,4 milhão de reais em contratos com o governo federal.

‘Sócio’ e personal de Zero Quatro é exonerado

No dia da estreia da empresa no Estádio Mané Garrincha, Jair Renan dedicou um discurso emocionado a Allan Lucena classificando-o como “Pai”.

Lucena, além de promotor de empreendedorismo da empresa Camarote 311 de Jair Renan, também foi personal trainer do filho do presidente e, até a manhã desta sexta 19, subsecretário no governo do Distrito Federal.

Nesta terça 17,  CartaCapital revelou com exclusividade que Lucena, além de ter uma promoção relâmpago – o salário passou de 3 mil para 12 mil – passaria a cuidar de contratos e outras funções como Subsecretário de Administração Geral, da Secretaria de Estado de Empreendedorismo do Distrito Federal.

O provável conflito de interesses levou o deputado distrital Chico Vigilante (PT) a encaminhar na quinta 18 requerimento ao GDF pedindo esclarecimentos, já que Lucena também acompanhou Jair Renan em reunião com ministros e empresários. Menos de doze horas depois de protocolado o pedido, o governo do Distrito Federal o exonerou.

“As matérias em questão abordam um possível conflito de interesses, razão pela qual, o Governo do Distrito Federal precisa se manifestar, ainda mais, quando a resposta dada ao veículo imputa a responsabilidade da nomeação ao chefe do Executivo Distrital”, registrou Vigilante.

No pedido, ele lembra, ainda, que o ‘sócio’ do 04  possui empresa própria ativa, o que seria vedado.

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