Justiça

Ministro do TSE diz que Bolsonaro teve ‘comportamento típico de candidato’ em reunião com embaixadores

Floriano de Azevedo Marques apontou abuso de poder político por parte do ex-presidente em encontro com diplomatas

Ministro do TSE diz que Bolsonaro teve ‘comportamento típico de candidato’ em reunião com embaixadores
Ministro do TSE diz que Bolsonaro teve ‘comportamento típico de candidato’ em reunião com embaixadores
O ministro Floriano de Azevedo Marques durante seu voto no TSE. Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
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O ministro Floriano de Azevedo Marques, do Tribunal Superior Eleitoral, considerou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) agiu com “comportamento típico de candidato” durante a reunião com embaixadores em 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

O evento é objeto do julgamento no TSE que pode levar Bolsonaro à inelegibilidade. Os ministros analisam se o ex-capitão cometeu abuso de poder político no discurso aos diplomatas, em que proferiu informações falsas sobre o processo eleitoral, com uso de meios estatais, para obter vantagem na disputa.

Para Marques, Bolsonaro demonstrou ter intenção de tirar proveito eleitoral na reunião no Alvorada, o que caracterizaria propaganda antecipada, uso indevido dos meios estatais e desvio de finalidade.

“A postura do primeiro investigado faz pronunciar que a performance ali caracterizada patenteou-se menos como a de um chefe de Estado, no exercício da competência de travar relações com nações estrangeiras, e mais como um comportamento típico de campanha eleitoral”, avaliou o magistrado.

Marques considerou que Bolsonaro teve comportamento “muito distante da liturgia do cargo de presidente da República”, o que confere “contornos indiciários bastante servientes à caracterização, quando não só de abuso, certamente de desvio de finalidade”.

Para o ministro, o ato de levar temas domésticos e um tom de confronto com o oponente eleitoral aos diplomatas estrangeiros configura um “comportamento típico de candidato, não cabente na atuação de presidente da República”.

O ministro ressaltou, também, “quatro linhas” de retórica no discurso de Bolsonaro para destacar “claro objetivo eleitoral” no encontro com os embaixadores:

  • “Linha autopromocional consistente em se posicionar como candidato”: Bolsonaro teria mostrado preocupação em se apresentar com características positivas e resgatar motes da sua campanha em 2018;
  • “Linha de argumentação negativa aos adversários”: Bolsonaro teria tentado associar o seu principal concorrente a características reprováveis;
  • “Linha de automartirização pela deslegitimação dos juízes”: Bolsonaro teria desenhado um cenário de perseguição contra si por parte da Justiça;
  • “Linha de desqualificação do sistema eleitoral”: Bolsonaro teria agido para desacreditar o sistema de votação e desestimulado a participação dos eleitores.

Marques é o terceiro ministro a votar no julgamento. O primeiro a se manifestar foi o relator, Benedito Gonçalves, que votou a favor a inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos. Já Raul Araújo, o segundo a se posicionar, foi contrário à punição contra o ex-presidente.

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