Política

Ministro das Comunicações apresentou dados falsos em declaração ao TSE, diz jornal

Declaração de voos da campanha de Juscelino Filho traz nomes que dizem não ter trabalhado para o político; empresa aérea alega erro em sistema

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Foto: José Cruz/Agência Brasil
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O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), indicado por Davi Alcolumbre (União Brasil) ao governo Lula (PT), apresentou dados falsos em uma declaração de custos da campanha eleitoral ao TSE. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo desta terça-feira 31.

Segundo a reportagem, Filho usou nomes de pessoas que não trabalharam em sua campanha para receber reembolsos de viagens de helicóptero. Um casal e uma criança de 10 anos são apontadas pelo então candidato como cabos eleitorais. Eles teriam, segundo o documento, 23 vezes, em 16 dias, tendo passado por 14 cidades do Maranhão. A família, porém, é de São Paulo e diz ao jornal que sequer conhece o político.

“Isso aí está errado, provavelmente é uma fraude. Não tenho nenhuma ligação com campanha nem com político no Maranhão. Usaram meu nome, da minha família, da minha filha”, diz Daniel Andrade, empresário e um dos citados na lista de passageiros.

Pelas viagens, a campanha de Juscelino recebeu 385 mil reais do Fundo Eleitoral. O custo, segundo consta, foi de 11 mil reais a hora do voo. O valor, ainda de acordo com o jornal, é mais do que o dobro do cobrado pela mesma empresa, a Rotorfly, em outras viagens custeadas pelo União Brasil. O jornal aponta ainda inconsistências nos planos de voo das viagens contratadas pelo parlamentar.

Ao jornal, a empresa explicou que os nomes usados por Juscelino na declaração foram informados por eles de maneira incorreta por um erro no sistema interno. Segundo a Rotorfly, a família Andrade, que usou os serviços da empresa em um voo entre São Paulo e Campos do Jordão, apareceu diversas vezes em relatórios de voos após o erro, já corrigido. Uma declaração com os dados corretos, diz a empresa, já foi repassada ao político em 2 de dezembro. A campanha, porém, não teria corrigido a informação desde então. Juscelino ainda não comentou o caso.

O erro na declaração vem à tona um dia após a revelação do uso de emendas de relator, mecanismo do orçamento secreto, pelo então deputado. Hoje ministro, Juscelino destinou 50 milhões de reais em recursos, sendo 16 milhões para a cidade comandada pela irmã. Boa parte dos valores entregues ao município foram usados para a pavimentação de uma estrada que dá acesso a uma fazenda da família. A empresa vencedora da licitação também é cercada de suspeitas.

Juscelino Filho tem influência no Centrão e preencheu uma das vagas disponibilizadas por Lula na negociação de cargos que garantiu a aprovação da PEC da Transição e abriu caminho para formar a base no Congresso, que confere governabilidade ao governo. Seu padrinho político no governo é Davi Alcolumbre (União Brasil). A sua ida ao cargo foi duramente criticada por especialistas das Comunicações.

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