Política

‘Ministério é nosso’, escreveu Dominguetti após reuniões com integrantes da Saúde

Mensagens no celular indicam que o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tinha interesse nos imunizantes oferecidos

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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Mensagens trocadas entre o cabo da polícia militar mineira Luiz Paulo Dominguetti e seu pai, Paulo César Oliveira, indicam que o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello teria interesse em adquirir mais vacinas para o segundo semestre deste ano. A informação é do UOL.

Dominguetti, representante da Davati, foi quem revelou à CPI da Covid que recebeu pedido de propina para fechar negócio envolvendo 400 milhões de doses do imunizante da Astrazeneca. O pedido, segundo ele, teria sido feito pelo então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, que nega as acusações.

As primeiras mensagens trocadas entre Dominguetti e seu pai são do dia 23 de fevereiro deste ano, data em que o representante comercial afirmou ter participado de reuniões no Ministério da Saúde. O conteúdo das mensagens mostra euforia de ambos com o bom andamento da negociação.

Ansioso pela tramitação, o pai escreve a Dominguetti: “Fecha logo essa porteira”.  Ele responde: “Já está fechado, agora é [sic] trâmites burocráticos”. Na primeira troca de mensagens, por volta das 14 horas, Dominguetti afirma estar no Ministério e diz que daria mais notícias ao pai assim que saísse de lá.

Os dois voltam a se falar por volta das 17h20, quando o pai de Dominguetti cobra notícias. Nesse momento, o representante comercial diz ter sido chamado para uma reunião por Pazuello. O pai questiona: “Caraca, o que será que ele está querendo?”. Ao que o policial responde: “Vacinas uai”.

Na sequência, o pai tenta entender se o motivo da reunião seria a compra de mais vacinas das que já estavam sendo negociadas. O vendedor da Davati então afirma que a intenção era fazer uma proposta para o segundo semestre. O pai responde com ironia: “Essa pandemia vai longe”.

Dominguetti se reuniu com Roberto Dias no dia 25 de fevereiro, data em que teria sido mencionado o pedido de propina de 1 dólar por dose para fechar negócio. Nesse mesmo dia, por volta das 21h15, Dominguetti escreve para o pai: “Ministério é nosso, 500 milhões”. Na troca de mensagens entre Dominguetti e o pai, entanto, não há menções sobre o suposto pedido de propina.

 

Já em 26 de fevereiro, dia em que Dominguetti teria voltado ao Ministério para uma reunião com Roberto Dias, conforme relatou à CPI,  o representante se mostra confiante em relação ao fechamento do negócio. Na parte da manhã, encaminhou ao pai: “Vou montar um escritório aqui em Brasília”.

Mais tarde, no mesmo dia, Dominguetti relata ao pai que o “trem” ia demorar devido a análises técnicas, jurídicas, de pagamento, logística e entrega. À CPI, Dominghetti informou que Dias pediu uma documentação complementar que o policial não tinha no momento e ficou de tratar diretamente com Cristiano Carvalho, representante oficial da Davati no Brasil. O negócio não chegou a ser fechado.

As tratativas, no entanto, continuaram como mostram mensagens trocadas entre Dominguetti e o coronel Marcelo Blanco (ex-assessor da pasta e citado na CPI da Covid como um dos elos entre a Davati e o governo). O representante da Davati teria voltado ao Ministério no dia 12 de março, como também mostram as mensagens, sem sucesso na negociação.

Dominguetti afirmou que esteve três vezes no Ministério da Saúde e que se reuniu com  três membros do alto escalão: o então secretário-executivo, Élcio Franco, o então diretor de logística, Roberto Dias, e o então diretor de imunização e doenças transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde, Lauricio Monteiro Cruz.

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